
O jornalista investigativo Lumi Zúnica, da TV Record, foi alvo de uma emboscada enquanto apurava informações sobre o prefeito de Ananindeua, Daniel Barbosa Santos (PSB), suspeito de envolvimento em um esquema de desvio de recursos do Plano de Saúde dos Servidores do Estado. O ataque ocorreu em Tomé-Açu, interior do Pará, e ganhou ampla repercussão nacional após a exibição da reportagem nesta quarta-feira (26).
Durante a investigação, funcionários uniformizados da fazenda agropecuária JT — pertencente ao prefeito — cercaram o carro do jornalista, impediram sua passagem e roubaram uma câmera da emissora. Além disso, Lumi foi agredido fisicamente. O caso foi registrado na delegacia local, mas o equipamento furtado ainda não foi recuperado.
A reportagem da TV Record revelou detalhes da investigação conduzida pelo Ministério Público do Pará (MPPA) contra Daniel Barbosa Santos, suspeito de desviar recursos do Instituto de Assistência dos Servidores do Estado. O esquema teria causado um prejuízo superior a R$ 260 milhões.
De acordo com a apuração, em 2021, poucos meses após assumir a prefeitura, Daniel comprou, junto a um sócio, o Hospital Santa Maria de Ananindeua — unidade que atendia servidores estaduais com custos pagos pelo governo do Pará. Segundo o MP, o hospital superfaturava serviços, cobrando, por exemplo, R$ 18 por uma agulha descartável que, no mercado, custa cerca de R$ 0,30.
Embora tenha deixado a sociedade do hospital em 2022, o crescimento acelerado de seu patrimônio levantou suspeitas. Em sua declaração à Justiça Eleitoral de 2020, Daniel informou possuir R$ 2 milhões em bens. Quatro anos depois, o valor saltou para quase R$ 5 milhões, sem incluir a compra de quatro fazendas que totalizam 1.800 hectares no interior do Pará e duas aeronaves adquiridas por sua empresa agropecuária JD, por R$ 9 milhões e R$ 7,5 milhões, respectivamente.
O prefeito tentou barrar judicialmente a investigação sobre o desvio de recursos no Hospital Santa Maria, mas não obteve sucesso. Agora, ele pode enfrentar processos criminais, ações por improbidade administrativa e até um pedido de cassação de mandato na Câmara Municipal, caso as denúncias sejam confirmadas.