
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) autorizou a Petrobras a realizar a limpeza da sonda que poderá ser utilizada na perfuração na Foz do Rio Amazonas. Essa etapa é fundamental para a possível exploração de petróleo na Margem Equatorial, na região do Amapá. No entanto, o órgão ambiental ressaltou que essa decisão não representa uma aprovação definitiva para a realização das atividades de perfuração marítima no bloco FZA-M-59.
A limpeza da sonda envolve a remoção de corais potencialmente invasivos do casco da embarcação, um procedimento que gerou preocupações entre ambientalistas e técnicos do Ibama. Em 2023, o órgão já havia recomendado a rejeição do pedido de perfuração da Petrobras, alegando riscos ambientais.
O tema tem causado embates dentro do governo federal. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu a exploração da região e chegou a criticar a demora do Ibama na liberação dos estudos. O setor energético vê a Margem Equatorial como uma área promissora, devido às semelhanças geológicas com a Guiana, onde foram descobertos grandes reservatórios de petróleo.
Debate sobre transição energética
A exploração da Margem Equatorial ocorre em meio a discussões sobre a transição energética no Brasil. Com a proximidade da COP30, evento que será sediado em Belém (PA), ambientalistas argumentam que o país deveria focar em energias renováveis e na redução das emissões de gases do efeito estufa. O Acordo de Paris, que será discutido na convenção, busca limitar o aumento da temperatura global a 1,5ºC.
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, tem adotado uma postura técnica sobre o assunto. Segundo ela, a decisão do Ibama será baseada em critérios ambientais e, se todas as exigências forem atendidas, a licença poderá ser concedida. Contudo, a ministra já reforçou publicamente a importância da transição para energias limpas e sustentáveis.
Lula, por sua vez, argumenta que a exploração de petróleo na Margem Equatorial não significa um retrocesso na busca por energias renováveis. O presidente destacou que, apesar de sonhar com um futuro sem combustíveis fósseis, essa transição levará tempo e não pode impedir pesquisas para avaliar o potencial petrolífero do país.
Repercussão política
A decisão do Ibama foi comemorada pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), que tem articulado apoio para a exploração da região. Segundo ele, a autorização representa um avanço importante para que a Petrobras obtenha a licença ambiental e desenvolva a atividade de forma sustentável. O senador também defendeu o equilíbrio entre desenvolvimento econômico e preservação ambiental.
“O desenvolvimento econômico e a preservação ambiental devem caminhar juntos, garantindo que os investimentos na região Norte gerem oportunidades, empregos e crescimento para o Brasil sem comprometer a proteção dos recursos naturais”, afirmou Alcolumbre em nota oficial.