O governo federal publicou, no último dia 29 de agosto, o Decreto nº 12.600, que inclui as hidrovias dos rios Tocantins e Tapajós no Programa Nacional de Desestatização (PND). A medida abre caminho para concessões privadas e promete transformar a logística de transporte no Pará, ampliando a capacidade do Arco Norte e reduzindo custos de escoamento de grãos e minérios.
O rio Tocantins, com cerca de 1.731 quilômetros, liga o interior do estado ao porto de Belém, enquanto o rio Tapajós conecta Itaituba a Santarém em um trecho de aproximadamente 250 quilômetros. Ambos são considerados estratégicos para o agronegócio e para a exportação de commodities, principalmente soja, milho e minérios.
Promessa de eficiência e redução de custos
Segundo o governo, as concessões vão garantir mais eficiência no transporte hidroviário, reduzindo a dependência das rodovias e os custos logísticos. Estudos indicam que o uso pleno das hidrovias pode diminuir em até 40% os custos de transporte e reduzir significativamente o tempo de escoamento até os portos amazônicos.
“Cada 25 barcaças equivalem a 500 caminhões a menos nas estradas”, destacou o ministro dos Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, defendendo a medida como um passo importante para uma logística mais moderna e sustentável.
Impacto econômico e ambiental em debate
Embora o governo argumente que as concessões vão gerar eficiência e competitividade, críticos alertam para possíveis riscos à soberania nacional e ao meio ambiente. Especialistas temem que grandes obras, como dragagens e intervenções nos rios, possam alterar ecossistemas, afetar comunidades ribeirinhas e comprometer ciclos de pesca.
Leilões previstos para 2026
O decreto prevê que os primeiros leilões sejam realizados até 2026, com investimentos estimados em centenas de milhões de reais para dragagem, sinalização e infraestrutura. O setor privado já demonstra forte interesse, especialmente por parte de tradings agrícolas e operadores logísticos, que veem no Arco Norte uma alternativa para ampliar a competitividade do Brasil no comércio internacional.
Com as hidrovias do Tocantins e Tapajós no radar, o Pará se consolida como peça-chave na reconfiguração da logística nacional, que deve ganhar protagonismo global nos próximos anos.



