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Governo do Pará usou fake news para esconder defeito dos respiradores

Há um pouco mais de uma semana, alguns blogueiros foram alvo de busca e apreensão e tiveram aparelhos de celular, computadores e tablets recolhidos pela polícia civil. Além disso, tiveram também os sites retirados do ar. O crime? Terem ofendido a honra do governador do estado do Pará, Helder Barbalho.

Para justificar a censura aplicada aos sites, o governo os acusou de espalharem fake news. Os blogueiros e jornalistas alinhados ao Governo trataram de repetir o mesmo mantra.

Lei das fake news Poucos dias haviam se passado e veio à tona a tal Lei do fake news, criada a toque de caixa para coibir notícias “que causassem constrangimento ou manchassem a honra das autoridades constituídas”.

Conquanto, posteriormente, o próprio Helder tenha se referido à lei como “um equívoco”, não há como negar que tenha sido encomendada sob medida para tentar abafar as inúmeras denúncias que têm envolvido o governador, em época de pandemia, principalmente de compras superfaturadas.

Curioso é que 90% da mídia paraense parece rezar em sua cartilha. O Diário On Line (DOL), portal de notícias da família Barbalho, por exemplo, embora seja o jornal que mais recebe recursos do estado a título de propaganda, não reserva uma só frase para cobrar o governo transparência. O Liberal, parece seguir a mesma linha e dormir em berço esplêndido.

Embora Helder Barbalho tenha, inegavelmente a “hegemonia” nos canais tradicionais de jornalismo, sua imagem positiva de “super herói”, antes divulgada em memes no início da pandemia, tem caído sobremaneira nas redes sociais, a ponto de tirar o sono do filho de Jader Barbalho.

É exatamente nas redes sociais que o gestão de Helder Barbalho tem levado sua pior derrota. É que sites independentes, perfis de influenciadores e páginas no Facebook não estão na folha de pagamento do Governo do Pará e nem fazem parte do grupo RBA.

Antes de apelar para a censura nas redes sociais, o Governo do Estado procurou fazer peças publicitárias e usar os perfis do governador e da primeira dama, Daniela Barbalho, para desmentir o que chamaram de fake news sobre a compra dos respiradores.

No print abaixo, o governador Helder usa a mídia tradicional de O Diário do Pará, de sua propriedade , para desmentir que os respiradores teriam sido comprados com defeito.

Nota na principal coluna do jornal dos Barbalho, Diário do Pará

Nesta outra publicação, cria um vídeo para ser veiculado nas redes sociais sobre o preço dos aparelhos comprados.

O perfil da primeira dama Daniela Barbalho também tenta desqualificar as críticas aos respiradores.

Até o Twitter da primeira dama do Pará, Daniela Barbalho foi usado pra propagar a fake news dos respiradores

Até mesmo a própria Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), na na quarta-feira, 6, a divulgou que os aparelhos estavam em “pleno funcionamento”.

“Respiradores comprados na China, pelo Governo do Pará, em pleno funcionamento no Hospital de Campanha do Hangar”, dizia a postagem da conta oficial da Sespa no Twitter. A publicação (abaixo) foi removida do site da Secretaria.

A própria Sespa-PA divulgou, na quarta-feira, 6, que os respiradores estavam funcionando muito bem no hospital de campanha do Hangar. A postagem foi apagada.

A verdade é que, hoje sabemos, os respiradores foram um dos mais caros do Brasil, senão o mais caro (R$ 250 mil cada), só foram entregues em parte (152 respiradores) e os que foram entregues vieram sem o PEEP (em inglês Positive Expiratory Pressure ) – ou seja, só servem para serem usados em aulas para acadêmicos de Medicina.

Diante de tudo isto, não há como não constatar o óbvio: Quem fazia fake news o tempo inteiro era o Governo do Estado do Pará.

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