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Governo do Pará garante infraestrutura para COP30 e aposta em legado urbano e turístico

Governador Helder Barbalho afirma que obras serão entregues antes da conferência climática em Belém e detalha estratégias de hospedagem, mobilidade e desenvolvimento econômico.

Faltando sete meses para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), o Governo do Pará afirma que todas as obras e estruturas necessárias estarão concluídas antes do evento. A capital, Belém, sediará a conferência, prevista para novembro de 2025.

A ampliação da rede de hospedagem e os investimentos em mobilidade urbana têm gerado questionamentos, inclusive internacionais. A revista The Economist chegou a prever uma “COP caótica”, mas o governador Helder Barbalho (MDB) declarou, em entrevista ao jornal O Globo, que todos os equipamentos estarão prontos e permanecerão como legado à população.

A cidade, que conta atualmente com cerca de 25 mil leitos, espera receber até 50 mil visitantes durante os 12 dias da COP. Segundo o governo estadual, estratégias estão sendo adotadas para garantir a oferta necessária de acomodações.

Entre as medidas estão a modernização da rede hoteleira existente, a construção de quatro novos hotéis, o uso de navios como hotéis temporários, o aumento de imóveis em plataformas de hospedagem por temporada e a instalação de uma vila de líderes com mais de 400 leitos. Escolas públicas próximas ao local do evento também estão sendo adaptadas para receber participantes.

Distribuição estimada de leitos para a COP30:

  • Hotéis: 16.000
  • Navios: 4.700
  • Plataformas de hospedagem: 13.000
  • Escolas, alojamentos, vilas militares e outros: 16.600

Sobre os preços elevados de diárias, o governo do Pará afirma que o Procon deve atuar para coibir abusos. A gestão estadual também compara o cenário ao de outros grandes eventos, como a Olimpíada do Rio e conferências anteriores da ONU, nas quais os preços também foram elevados.

Temos o desafio de colocar todos esses leitos à disponibilidade, para que haja uma acomodação dos preços. Num primeiro momento, pela oferta baixa, a gente teve preços bem altos. O governo deve atuar através de defesa do consumidor, Procon, para cumprir o papel de evitar prejuízos ao consumidor. Agora, você tem um padrão em todo o calendário de grandes eventos, é natural, temos que compreender. E sem preconceito, porque também não se pode querer imputar a Belém como se fosse pela primeira vez na história esse aumento de preço. Os preços nos hotéis em Baku e Dubai (sedes das últimas COPs) eram absolutamente elevados. No Rio de Janeiro, por exemplo, no G20, as tarifas hoteleiras aumentaram de preço. Com a Lady Gaga que vai tocar aí no Rio agora no início de maio. É natural.

Barbalho afirmou que a COP30 será realizada integralmente em Belém e que outros municípios podem receber atividades paralelas. Ele ainda ressaltou que o evento não possui viés ideológico e deve ser um espaço de articulação de propostas ambientais viáveis para diferentes setores da sociedade.

Impacto econômico e social

Segundo o governador, o aumento de preços em setores como construção civil e alimentos deve ser analisado à luz da expansão econômica. O Pará, de acordo com projeções de crescimento do PIB, é um dos estados com maior expectativa de avanço em 2025. Entre janeiro e março, mais de 26 mil empresas foram abertas no estado.

Sobre a inflação do açaí, produto tradicional da região, o governo afirma que a variação está ligada à sazonalidade da produção e à crescente demanda internacional. A gestão estadual tem incentivado a ampliação da produção como estratégia de estabilização de preços.

Eu analiso sobre o ângulo do aquecimento econômico, que é transversal. Da mesma forma que você tem um preço que possa aumentar de mão de obra da construção civil, você tem uma empregabilidade extraordinária. É uma transformação que a cidade está vivendo, e isso envolve construção civil, comércio, serviços. Pela estimativa do PIB do Brasil de 2025, o Pará é o terceiro estado em crescimento, isso nunca aconteceu. Nesse primeiro trimestre, foram abertas 26 mil empresas, principalmente micro e pequenas empresas, as pessoas estão enxergando as oportunidades. Com relação à questão alimentar, o açaí é cíclico, é natural que na entressafra haja um aumento de preço. E há um outro incremento, que é a demanda por açaí no mercado internacional. O que temos trabalhado é o incentivar a ampliação produtiva, até porque o açaí e o cacau são os nossos grandes cases de produção sustentável do estado – Disse Helder.

Legado urbano e turístico

Barbalho diz que todas as obras estão sendo pensadas para atender à população após a COP. As ações incluem novas avenidas, renovação do transporte público, terminais hidroviários e requalificação de parques urbanos. A vila da COP será reaproveitada como centro de escritórios.

O governo também acredita que a visibilidade internacional do evento pode consolidar Belém como destino turístico da Amazônia. Em 2023, o aeroporto da capital paraense recebeu 4,3 milhões de passageiros, o maior número já registrado.

Críticas e resposta política

Adversários políticos têm criticado os investimentos realizados para a COP, questionando prioridades diante de demandas sociais. O governador afirma que eventos culturais associados à conferência não utilizam recursos públicos e que a maior parte dos gastos em infraestrutura resulta em benefícios permanentes para a população.

Barbalho também defende que é necessário combater a desinformação e promover o debate democrático com base em dados e propostas consistentes.

Primeiro não estamos investindo recursos públicos nesses eventos (de música). E esses eventos trazem retorno econômico para a cidade. Em paralelo a isto, as soluções que estamos dando para a cidade são importantes e repercutem como legado social. Não são voltados para 12 dias de evento e sim para um legado para a cidade. Com relação a críticas, nós vivemos numa democracia. Temos que lidar com isto de forma sempre atenta, e, se tiver fundamento, fazer uma auto crítica e corrigir eventuais erros. E, claro, rebater as fake news, o grande problema é que hoje nós temos uma produção de desinformação, e aí é uma luta inglória.

Posicionamento internacional e meio ambiente

Questionado sobre o impacto de uma possível eleição de Donald Trump nos Estados Unidos, o governador defende que o Brasil mantenha diálogo com o setor privado e com governos subnacionais norte-americanos. Ele também reafirma o compromisso do estado com metas ambientais.

Segundo dados do governo paraense, o desmatamento no estado foi reduzido em 50% entre 2018 e 2024. Barbalho destaca políticas de rastreabilidade na produção de carne e madeira, além de iniciativas em bioeconomia, restauração ambiental e crédito de carbono.

Governança ambiental e política nacional

O Pará quer destacar sua liderança na construção de políticas ambientais associadas ao desenvolvimento sustentável. A proposta é integrar ações de comando e controle com alternativas econômicas sustentáveis para a população local. O governador defende que a chamada “sociobioeconomia” seja um caminho para equilibrar proteção ambiental e geração de renda.

Sobre uma eventual candidatura à vice-presidência em 2026, Barbalho afirmou que o foco está na realização da COP30 e que eventuais decisões políticas serão debatidas posteriormente.

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