Edmilson Rodrigues em: A Última Potoca
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Por Eduardo Cunha
Talvez poucos saibam, mas a palavra “estória”, com “e”, foi criada pelo escritor Guimarães Rosa, famoso não apenas por suas personagens inesquecíveis, mas também por dominar oito idiomas e inventar neologismos.
A palavra “estória”, sem o “h”, refere-se a um acontecimento fictício, geralmente afastado da realidade. Nesse sentido, o professor é um contador de histórias, enquanto o pescador é um contador de “estórias”.
Sem intenção de desmerecer o mineiro que, com maestria, retratou o sertão brasileiro, é preciso lembrar que, muito antes dele, os paraenses já haviam cunhado o termo. No nosso dialeto “papa-chibé”, chamamos isso de “potoca”.
Aqui na terrinha do tacacá, o negócio é levado tão a sério que temos, de forma quase oficial, um campeonato de potocas, com um vencedor escolhido por unanimidade pelo voto popular. E, como não poderia deixar de ser, o título de maior potoqueiro da cidade foi dado ao prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues, que, com todo o merecimento, recebeu o apelido de “Ed Potoca”.
O título e o apelido são tão merecidos que mesmo no final do ano e de seu mandato o sujeito continua contando “estórias”.
Esta, talvez a última como prefeito — não se sabe ao certo, teremos que esperar os últimos minutos deste ano — foi a ocasião em que Edmilson Rodrigues usou suas redes sociais para criticar e anunciar que vetaria o projeto de lei aprovado pela Câmara Municipal de Belém. O objetivo da proposta era adequar o município às regras do regime de Previdência da União.
Com suas tradicionais caras e bocas mambembes e a verve de um estudante universitário em dia de manifestação, Edmilson Rodrigues não hesitou em culpar o ex-prefeito Zenaldo Coutinho pela proposta, que, mesmo que necessária, acaba trazendo prejuízos ao servidor público municipal. E, com a convicção de sempre, prometeu vetar o projeto recém-aprovado.
Uma pergunta, desde já, parece ficar no ar: ora, se ele era tão contra o PL, e a proposta foi apresentada pela Prefeitura de Belém, por que, como prefeito, não a retirou de pauta?
Mas, como toda mentira tem perna curta, essa potoca tem prazo. Acontece que nosso “Ed Potoca” não sancionou, mas também não vetou — como prometido — o projeto de lei.
O que fez? Como um avestruz, foi enterrar a cabeça na areia e enviar a Câmara para promulgar o projeto, sem cumprir o que havia prometido, ou seja, o veto. O prêmio de maior potoqueiro, sem dúvida, é mais do que merecido.