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Carroceiro de Soure é aprovado em vestibulares da UFPA e UEPA: “Sou carroceiro e calouro”

Glebson Tunio, pai de seis filhos, comemora aprovação em duas das maiores universidades públicas do Pará

Aos 39 anos, o carroceiro Glebson Tunio Costa Fernandes, morador de Soure, na Ilha do Marajó, alcançou um feito histórico: foi aprovado em dois dos mais concorridos vestibulares do Pará. Ele conquistou vaga na Universidade Federal do Pará (UFPA), no curso de Licenciatura Integral em Ciências, Matemática e Linguagens, e na Universidade do Estado do Pará (UEPA), em Ciências Biológicas.

“Sou carroceiro e calouro”, celebrou Glebson, emocionado, durante uma festa organizada pelos amigos em sua cidade. O pai de seis filhos concilia o trabalho pesado com os estudos e acredita que a educação é o único caminho para um futuro mais digno.

Rotina de superação

Para alcançar o sonho de se tornar universitário, Glebson enfrentou uma jornada exaustiva. O dia começava por volta de 1h30 da madrugada, quando ele saía com sua carroça para transportar objetos e recolher sucata. Após o trabalho, frequentava as aulas na Escola de Ensino Técnico do Pará (EETEPA), onde cursa Agropecuária. À noite, ainda tinha energia para o cursinho popular “Pé de Chinelo”, que ajudou em sua preparação para o vestibular.

“O cursinho Pé de Chinelo foi criado para ser bem baratinho, ser acessível, por isso o nome. Foi criado para democratizar a aprovação no vestibular”, explicou o professor José Pantoja, responsável pelo projeto. Em 2025, o cursinho comemorou um recorde de 65 aprovados.

Exemplo para os filhos

Com três filhos biológicos e três enteados, Glebson vive com a família e depende do trabalho como carroceiro e do auxílio do Bolsa Família para sustentar a casa. O esforço diário rende menos de um salário mínimo por mês, mas ele se mantém firme no propósito de ser exemplo para as crianças.

“Dormia menos de cinco horas por noite, mas valeu a pena. Quero ser um exemplo de dedicação e superação, sobretudo para os meus filhos”, afirmou.

Apesar de não ter passado na primeira tentativa de vestibular, Glebson não desistiu. “A prova foi um fiasco e fiquei muito frustrado, mas em 2024 fiz diferente. O cursinho foi fundamental, e meus professores nunca desistiram de mim”, concluiu.

Agora, com as aprovações em mãos, Glebson se prepara para iniciar sua trajetória no ensino superior e, em breve, realizar o sonho de se tornar professor.

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