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Belém terá domos de açaí para hospedagem na COP30

Capital paraense corre contra o tempo para garantir hospedagem para a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas

Com apenas dois hotéis cinco estrelas em pleno funcionamento, Belém enfrenta o desafio de acomodar entre 40 mil e 60 mil pessoas durante a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), em novembro de 2025. Entre os participantes, cerca de 7 mil são membros de equipes da ONU e delegações de países. Para atender a demanda, a cidade investe em soluções inovadoras, como a modernização de prédios antigos, domos de madeira certificada, e hospedagem em navios de cruzeiro e expedição.

Atualmente, Belém conta com aproximadamente 17.700 leitos, desde pousadas simples até acomodações sofisticadas. A expectativa é que a demanda durante a COP30 seja de 14 mil vagas nas categorias de quatro e cinco estrelas. “Poucas cidades brasileiras têm capacidade para receber eventos deste porte sem necessitar de ajustes. Belém é maravilhosa, com uma culinária fantástica, mas tem fragilidades de infraestrutura. Mas está tudo sob controle e a cidade dará conta da demanda”, afirmou Valter Correia, secretário extraordinário para a COP30.

O presidente Lula escolheu pessoalmente Belém como sede do evento, destacando a importância de realizar a COP na Amazônia, uma região frequentemente discutida, mas pouco conhecida. Desde o anúncio oficial em dezembro de 2023, a cidade se transformou em um canteiro de obras.

Dois novos hotéis cinco estrelas estão sendo construídos na cidade pelas redes portuguesas Vila Galé e Tivoli. Além disso, a principal novidade é o uso de navios de cruzeiro para hospedagem. Pelo menos dois transatlânticos deverão ancorar na Baía do Guajará, oferecendo entre 5 mil e 6 mil leitos de padrão cinco e quatro estrelas. A Embratur também negocia o uso de navios de expedição à Antártica, pequenos e de alto luxo, cada um com 100 a 300 cabines.

Para que esses navios possam chegar ao Porto de Belém, serão necessárias obras de dragagem, cujo edital será lançado em breve. Além disso, serão construídos 500 apartamentos modulares de alto padrão ao lado do Parque da Cidade, onde será realizado o evento. Após a COP, essas estruturas serão transformadas em uma nova área administrativa do governo estadual.

O Aeroporto de Belém também passará por mudanças, com o antigo prédio da Infraero sendo transformado em um hotel com cerca de 200 leitos, um investimento 100% privado. A técnica de revitalização, conhecida como retrofit, será usada para transformar um prédio antigo da Receita Federal em um hotel da rede Tivoli, enquanto o Vila Galé será instalado em três armazéns portuários próximos à Estação das Docas.

Entre as soluções inovadoras, destaca-se a startup Amazônia Domos, que projeta e monta estruturas hoteleiras em formato de domos feitos de madeira (jatobá) e cobertura térmica, com 65% de material reciclado e revestimento interno feito com caroço de açaí. “A estrutura é totalmente desmontável e 80% a 90% dela é reaproveitada para instalação em outro lugar”, explicou Thales Barca Almobili, sócio da startup.

Cada domo tem seis metros de diâmetro, banheiro interno e pode acomodar até seis pessoas. O Sebrae do Pará, que identificou a startup como uma oportunidade de negócio, encomendou seis domos para treinar mão de obra hoteleira.

O anúncio da COP gerou um aumento significativo na procura por hotéis em Belém. “Nossa taxa de ocupação máxima era de 50% e já alcançamos 70% em maio”, afirmou Tony Santiago, presidente da seção paraense da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH).

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