
Um cenário de completo abandono tomou conta da Travessa Leão XIII, no coração do bairro da Campina, centro histórico de Belém. A via, que já foi uma importante ligação entre as antigas ruas da Indústria e dos Mercadores — hoje Gaspar Viana, Santo Antônio e Conselheiro João Alfredo — transformou-se em um retrato do descaso com a memória e o patrimônio da cidade.
Atualmente, a rua está intransitável. Um imenso buraco, resultado de uma obra inacabada, impede a passagem de veículos e dificulta a circulação de pedestres. Além disso, o lixo se acumula em diversos pontos da via, atraindo insetos, agravando problemas sanitários e contribuindo para a sensação de insegurança. O ambiente é propício à ocupação por usuários de drogas, que já tomaram conta da travessa, afastando moradores, comerciantes e visitantes.
As edificações históricas da Travessa Leão XIII, que testemunham a grandiosidade arquitetônica de outra época, também estão se deteriorando. Imóveis de grande valor cultural se encontram em estado avançado de ruína, ameaçando desabar e apagando lentamente a história da capital paraense.
A ironia cruel é que o nome “Leão” voltou a ganhar destaque com a recente eleição do Papa Leão XIV, que homenageia justamente Leão XIII — figura que dá nome à travessa. Mas enquanto o nome volta aos holofotes no cenário religioso mundial, em Belém ele está afundado no lixo, no abandono e na omissão.
Até o momento, a Prefeitura de Belém não se manifestou sobre a situação da Travessa Leão XIII.