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Setor de supermercados do Pará enfrenta dificuldade para preencher vagas, mesmo com alta demanda

Funções como operador de caixa, açougueiro e repositor estão entre as mais ofertadas, mas não despertam interesse entre trabalhadores. Flexibilidade, informalidade e falta de plano de carreira afastam candidatos.

Mesmo figurando entre os setores com maior oferta de empregos no país, os supermercados paraenses têm enfrentado dificuldade para preencher vagas em funções consideradas básicas, como operador de caixa, açougueiro, embalador e repositor. O problema reflete uma realidade nacional já apontada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), e confirmada no Pará por Jorge Portugal, presidente da Associação Paraense de Supermercados (Aspas) e integrante da diretoria da Associação Brasileira de Supermercados (Abras).

Segundo Portugal, há um déficit real de mão de obra no setor. A categoria soma mais de 70% das vagas em aberto, mas segue com dificuldades em atrair candidatos. Ele considera que a atividade ainda oferece benefícios e estabilidade, mas reconhece que novas estratégias precisam ser adotadas para atender às mudanças no perfil do trabalhador.

Emprego informal atrai mais que carteira assinada

Uma das explicações para o esvaziamento do interesse por empregos formais está na crescente preferência por trabalhos autônomos e com horários mais flexíveis. De acordo com dados do Datafolha, levantados em junho de 2025, 31% da população brasileira está na informalidade, contra 21% em 2021.

O recorte por faixa etária mostra que 68% dos jovens entre 16 e 24 anos preferem trabalhar por conta própria. Entre os que têm mais de 60 anos, 50% ainda valorizam a carteira assinada. O vínculo formal atrai mais quem ganha menos: 72% das pessoas com renda de até dois salários mínimos consideram o regime CLT importante. Já entre quem ganha mais de 10 salários mínimos, essa taxa cai para 56%.

A taxa de desemprego no Brasil é uma das mais baixas em 13 anos (7%), segundo o IBGE. Na Região Norte, o índice foi de 8,2% no primeiro trimestre de 2025, conforme a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD).

Setor busca se modernizar

Para Everson Costa, supervisor técnico do Dieese, os supermercados precisam se modernizar e tornar o ambiente mais atrativo para novos perfis de trabalhadores, principalmente os mais jovens.

“O caixa de supermercado de hoje não é o mesmo de ontem. Processos mais modernos, jornadas mais flexíveis e a criação de planos de carreira são fundamentais”, afirma Costa.

Reformas e parcerias em andamento

A Abras, junto ao Ministério do Trabalho, tem atuado em frentes para suprir essa escassez de profissionais. Uma das iniciativas é o recrutamento de jovens egressos do serviço militar, que estão sendo capacitados para atuar nas funções básicas do setor.

Além disso, a categoria estuda propor a regulamentação de um modelo de pagamento por hora trabalhada, o que daria mais autonomia ao trabalhador sobre sua jornada, além de permitir que empresas adaptem melhor a escala de colaboradores conforme a demanda.

Segundo Jorge Portugal, apesar dos desafios, há esforço conjunto entre os entes patronais para modernizar o setor:

“Existe um déficit, sim, mas também muitos benefícios na área. Estamos buscando soluções em conjunto com a Abras para tornar o setor mais competitivo e justo para os trabalhadores”.

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