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Rio Arapiuns, no Pará, pode ser tornar “sujeito vivo com direitos”

Um novo projeto de lei intitulado “Arapiuns, Rio de Direitos” está em fase de preparação para ser apresentado na Câmara de Vereadores de Santarém, Pará. O objetivo é reconhecer o Rio Arapiuns como um ente vivo, dotado de direitos próprios. A iniciativa surge de uma mobilização iniciada em 2023, envolvendo cerca de 150 comunidades do território, e conta com o apoio da juventude do Assentamento Agroextrativista do PAE Lago Grande, dos Guardiões do Bem Viver e diversas organizações locais.

Darlon Neres, um dos Guardiões do Bem Viver, destacou a importância e a inovação do projeto: “É um projeto de lei inovador no município de Santarém e a discussão ainda é temida também, o projeto coloca a nossa legislação nas melhores práticas ambientais do mundo”. A preservação das características naturais do Rio Arapiuns, que beneficia diretamente e indiretamente todos os seres vivos que nele habitam, é um ponto central do texto da lei. A proposta busca garantir a manutenção do fluxo natural do rio e uma quantidade de água suficiente para preservar a saúde e o equilíbrio do ecossistema.

Um Comitê Guardião do Rio será formado para defender a proteção do Arapiuns nos Comitês de Bacia Hidrográfica, especialmente durante debates sobre propostas que possam impactar o rio. Este projeto inovador visa ampliar a proteção legal existente e proporcionar condições de bem-estar e saúde para o rio. A bacia hidrográfica do Rio Arapiuns, que cobre cerca de 28% da área total do município de Santarém, é crucial para a região entre os rios Tapajós e Amazonas. O rio de águas cristalinas deságua no Tapajós, aproximadamente 30 quilômetros antes da confluência deste com o Rio Amazonas.

O projeto de lei visa estabelecer um marco na forma como o meio ambiente é tratado, enfatizando a importância de integrar os seres humanos à natureza e respeitar suas características e ciclos. Atualmente, a legislação brasileira não reconhece rios e outros corpos d’água como “Sujeitos de Direito”, que teriam seus direitos e deveres protegidos por lei. A destruição e o desperdício de água, juntamente com a poluição, são consequências diretas da interferência humana na natureza.

O reconhecimento de rios como sujeitos de direitos está ganhando força em várias partes do mundo, incluindo países como Bolívia, Equador, Índia e Nova Zelândia. No Brasil, o primeiro exemplo dessa iniciativa ocorreu em Rondônia, no município de Guajará-Mirim, onde o Rio Laje foi reconhecido como um ente vivo e sujeito de direitos.

A crise climática global destaca a urgência de tais medidas. No Brasil, chuvas intensas resultam em inundações, deslizamentos e perda de vidas, eventos que pesquisadores associam às mudanças climáticas. O secretário-executivo do Observatório do Clima (OC), Márcio Astrini, destaca a responsabilidade dos governantes e políticos na promoção de políticas públicas voltadas para as mudanças climáticas.

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