
Uma proposta de requalificação urbana no entorno do mercado do Ver-o-Peso, em Belém, viralizou nas redes sociais ao apresentar, por meio de inteligência artificial (IA), uma nova forma de pensar a cidade. O projeto foi publicado no grupo “Amazônia Urbana”, e mostra uma visão inovadora e moderna do espaço público, baseada em um modelo de cidade menos voltada para carros e mais centrada nas pessoas.
A ideia sugere transformar a Boulevard Castilhos França, via que margeia o complexo do Ver-o-Peso, em um grande calçadão, com a proibição total do tráfego de veículos. No lugar, surgiriam ciclovias, faixas para pedestres, áreas de lazer, arborização intensiva e até a instalação de um VLT (Veículo Leve sobre Trilhos), reforçando a mobilidade sustentável. O projeto também propõe a valorização do patrimônio histórico e cultural, respeitando as estruturas do Mercado de Ferro e dos arredores.
Com visual moderno e propostas arrojadas, a publicação rapidamente ganhou centenas de interações, compartilhamentos e comentários. Muitos internautas elogiaram a iniciativa como um convite à reflexão sobre o futuro da cidade e o papel das pessoas no espaço urbano. “Belém, nós podemos!”, escreveu um dos autores da postagem, incentivando o engajamento da população.
No entanto, o projeto também gerou polêmica. Alguns usuários apontaram que, para uma ideia como essa prosperar, seria necessária uma transformação profunda no comportamento de parte da população, além de uma gestão pública mais eficiente e comprometida com a limpeza e a organização do espaço público.
“Seria lindo, mas acho que tá pra nascer uma geração de feirantes educados, organizados e higiênicos. Acho que depende, também, de uma boa gestão municipal”, comentou um internauta. Outros foram mais incisivos: “Enquanto a população de Belém for mal educada e imunda, pode até que fique assim, mas com muito lixo no chão!”
Também houve quem criticasse o projeto sob o ponto de vista social. Alguns acusaram a proposta de favorecer a “higienização” do espaço e apontaram riscos de elitização. “Pra ficar assim, teriam que acabar com a feira e deixar somente o Mercado de Ferro. O problema do Ver-o-Peso são as próprias pessoas que ficam por lá, que não têm educação e zelo pelo patrimônio histórico. E o pior disso tudo são os governantes, que não têm capacidade de organizar o principal ponto turístico de Belém”, afirmou outro comentário.
Apesar das divergências, o projeto traz uma reflexão sobre urbanismo, planejamento e qualidade de vida em Belém. Especialistas defendem que pensar novas formas de ocupar o espaço público é fundamental para o desenvolvimento sustentável das cidades. A proposta, mesmo não sendo oficial, demonstra o poder da tecnologia para estimular a imaginação urbana e provocar discussões importantes sobre o presente e o futuro da capital paraense.
Iniciativas como essa revelam o desejo de parte da população por uma cidade mais humana, acessível, inclusiva e limpa — onde as pessoas sejam o centro do planejamento urbano. Ainda que seja apenas uma simulação feita por IA, o projeto funciona como um catalisador de ideias e aponta caminhos possíveis para transformar o centro histórico de Belém em um espaço mais qualificado e acolhedor.