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Portal argentino acusa China de roubar peixes da Baía do Marajó: “Lula sabe”

Piratas buscam 'grude', iguaria extraída das bexigas natatórias da pescada amarela

Não é surpresa que barcos pesqueiros de origem chinesa estejam cada vez mais envolvidos em atividades clandestinas e predatórias na região da América Latina.

Um exemplo marcante ocorreu em 2018, quando uma frota composta por cerca de 400 embarcações provenientes da China foi flagrada em proximidade às Ilhas Galápagos, uma área de proteção ambiental.

As embarcações desativaram seus transmissores, penetraram em zonas restritas e causaram um impacto devastador nas populações de diversas espécies marinhas. O apoio logístico de uma frota de navios cargueiros proporcionou aos piratas chineses uma permanência prolongada na região.

Na última semana, pouco antes das autoridades chegarem ao estado do Pará para participar dos Diálogos Amazônicos e da Cúpula da Amazônia, uma notícia alarmante foi publicada pelo portal de notícias argentino Infobae. Segundo o site há evidências de pescas ilegais promovidas por barcos chineses na baía do Marajó, localizada na costa do estado do Pará.

Prefeito Carlos Gouvêa:

Em entrevista concedida ao site argentino, o prefeito do município de Soure, localizado na ilha do Marajó, destacou a severa repercussão dessas atividades sobre os esforços em âmbito estadual e municipal para promover uma economia sustentável.

O prefeito ressaltou que a questão precisa ser tratada em nível federal. “Não discutimos isso diretamente com Lula, mas o governo sabe que isso está acontecendo“, declarou Gouvêa.

“Não discutimos isso diretamente com Lula, mas o governo sabe que isso está acontecendo

O prefeito também acrescentou que a Guiana Francesa, país vizinho, “tem uma estrutura melhor para combater esse flagelo” e impedir que navios chineses cheguem perto de suas costas, “mas aqui na região de Marajó no Brasil, eles fazem, chegam muito perto das nossas costas com aquelas redes que arrastam os peixes

A matéria denuncia ainda que as embarcações chinesas na Amazônia coletam água doce, que é abundante na ilha de Marajó e em regiões adjacentes. Segundo o prefeito Gouvêa, esses navios desviam água das bacias amazônicas para revender em outros países.

“Uma curiosidade é que os grandes cargueiros que passam por aqui, uma das coisas ilegais que eles fazem é encher os navios com água doce da Amazônia para levar para outras partes . Eles levam para o Oriente Médio, é mais barato tornar aquela água potável do que dessalinizar a água de lá”, disse o prefeito.

uma das coisas ilegais que eles fazem é encher os navios com água doce da Amazônia para levar para outras partes” .

Grude

Os chineses têm demonstrado bastante interesse pelo “grude”, bexiga natatória de algumas espécies de peixe como a pescada amarela. Enquanto a carne custa cerca de R$ 20 o quilo, sua grude é negociada a R$ 2.800 o quilo com a China. Os preços das bexigas natatórias dos peixes machos e fêmeas são diferentes —a dos machos valem mais. O mercado nacional costuma eviscerar e descartar esta iguaria.

Ameaça da sobrepesca

Durante o período compreendido entre 2015 e 2020, uma quantidade significativa de 20 mil toneladas de bexigas natatórias foi importada por Hong Kong, com um valor declarado equivalente a 14 bilhões de dólares de Hong Kong (aproximadamente R$ 9,95 bilhões).

Estas importações abrangeram uma ampla gama de mais de cem países como fontes. Dentre eles, o Brasil emergiu como o maior fornecedor, tendo exportado 3.300 toneladas dessas bexigas, avaliadas em 3 bilhões de dólares de Hong Kong (cerca de R$ 2,13 bilhões). De fato, aproximadamente 95% dessas exportações têm origem no estado do Pará. Embora o Amapá também produza o “grude”, a maior parte é canalizada para exportação através do estado do Pará.

No ano de 2020, o Brasil expandiu ainda mais sua participação nesse comércio, exportando 637 toneladas de bexiga natatória. Esse número representa um aumento notável de 398% em relação a 2012, quando as exportações atingiram 127 toneladas.

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