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Plantio de árvores nativas da Amazônia recupera áreas de preservação permanente no Sudeste do Pará

Um projeto inovador no Sudeste do Pará, no município de Itupiranga, está utilizando o plantio de árvores nativas da Amazônia como uma estratégia participativa para a recuperação de áreas de preservação permanente. O trabalho, desenvolvido em parceria com agricultores familiares do projeto de assentamento Mamuí, visa reduzir o desmatamento na região e melhorar as condições socioeconômicas dos agricultores familiares.

A região, que abriga diversos projetos de assentamentos com milhares de famílias de agricultores, historicamente adota a prática de desmatamento para atividades produtivas, seguindo o método tradicional de derrubada e queima. No entanto, essas áreas, especialmente próximas a nascentes e igarapés, são consideradas de preservação permanente pela legislação, gerando um passivo ambiental para as propriedades.

O projeto, parte das ações do Inovaflora, um dos projetos do Projeto Integrado da Amazônia (PIAmz), tem como foco a troca de experiências, informações e tecnologias entre a equipe de pesquisa e os agricultores. O plantio inclui diversas espécies nativas, tanto florestais quanto frutíferas, utilizando estratégias de baixo custo, como o plantio de sementes pré-germinadas e mudas de espécies já existentes na região.

A engenheira florestal Michelliny Bentes, pesquisadora da Embrapa Amazônia Oriental e coordenadora do Inovaflora, destaca a importância de levar tecnologias para os agricultores, permitindo que eles se adequem à legislação ambiental e aumentem a produção em suas áreas. A iniciativa também visa superar os desafios econômicos, como os altos custos relacionados à produção e aquisição de sementes, mudas e insumos.

Uma das técnicas adotadas é o plantio de sementes escarificadas ou pré-germinadas, uma abordagem simples e econômica que reduz os custos no viveiro e no transporte até as áreas de plantio. A técnica permite que as sementes germinem diretamente no solo, protegidas por uma cobertura de palha umedecida. O projeto também enfatiza a importância da diversidade, promovendo a introdução de mais de 50 espécies arbóreas nativas na região.

Além da recuperação de áreas de preservação permanente, o projeto envolve a implantação de Sistemas Agroflorestais (SAFs) para a recomposição de reservas legais. Agricultores que aderiram à iniciativa já estão colhendo os primeiros resultados, inclusive com a formação de pequenos corredores ecológicos que se interligam à reserva legal das propriedades.

Essa abordagem inovadora não apenas contribui para a restauração ecológica, mas também fortalece a produção diversificada nas propriedades, proporcionando benefícios socioeconômicos aos agricultores familiares na Amazônia.

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