Estudo divulgado pela Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) aponta a presença de elementos químicos em regiões do rio Tapajós, nos municípios de Santarém e Itaituba. As áreas citadas sofrem intervenção humana no meio ambiente.
O artigo “Quantificação de nions Inorgânicos em Regiões Antropizadas do Rio Tapajós, no Estado do Pará, Brasil”, foi liderado pelo professor Arthur Abinader Vasconcelos, do Instituto de Biodiversidade e Florestas (Ibef) da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), em parceria com os pesquisadores do Instituto Evandro Chagas, e participação de outros professores da Ufopa.
A pesquisa teve o intuito de investigar a presença de poluentes inorgânicos, também chamados ânions inorgânicos, presentes em pontos selecionados para coleta no rio Tapajós, em locais que tiveram intervenção humana no meio ambiente.
Os ânions são substâncias químicas que podem apresentar afinidades com componentes de nosso sistema biológico – o nitrato -, que pode gerar a chamada “doença (ou síndrome) do bebê azul” ou meta-hemoglobinemia, que afeta o transporte de oxigênio no corpo pela oxidação do ferro Heme presente na hemoglobina.
A coleta das amostras da água do Tapajós foi realizada no baixo Amazonas, no Oeste do estado do Pará, nas cidades de Santarém e Itaituba. Foram três regiões envolvidas na pesquisa: em Santarém, a orla da cidade e a comunidade de Pajuçara; e, em Itaituba, a orla daquele município.
De acordo com o professor Arthur Vasconcelos, os locais foram escolhidos por serem regiões populosas por onde o rio Tapajós corre. “Trata-se, exatamente, da região que concentra o maior aquífero de água doce do planeta, o aquífero do Tapajós”, destacou.
Resultados
A região I, da orla de Santarém, teve as maiores concentrações de nitrato, apresentando algumas residências e a presença de esgotos despejados no rio. O esgoto de áreas urbanas é uma das causas mais comuns da poluição com nitrato nos rios, de acordo com relatório agroambiental da União Europeia.
Em Pajuçara, foram encontrados os maiores valores de concentração para o sulfato. Alguns pontos também indicaram a presença de fosfato em valores mais elevados, possivelmente decorrentes do depósito de esgoto doméstico no rio. Na orla de Itaituba, em apenas em dois pontos coletados se detectou a concentração do nitrato.
Ainda de acordo com o estudo, o fluxo das embarcações é apontado como um possível responsável por parte dessa contaminação. Para o professor, “algumas embarcações podem ocasionalmente despejar efluente semelhante àquele despejado de uma residência. Resíduos de detergentes e alimentos podem contribuir para a presença destas substâncias”.