O Pará figura na oitava colocação entre os estados brasileiros com as maiores taxas de homicídios, conforme o Atlas da Violência 2024. A pesquisa, realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, revela que, apesar da redução nos índices de violência, o estado ainda apresenta uma trajetória lenta de diminuição dos homicídios.
Segundo o levantamento, que utilizou dados de 2022, a taxa de homicídios no Pará é de 32,9 por 100 mil habitantes. A liderança do ranking é ocupada por estados do Norte e Nordeste, sendo a Bahia o estado com a maior taxa, 45,1 homicídios por 100 mil habitantes, seguida por Amazonas (42,5) e Amapá (40,5).
O estudo destaca que o Brasil registrou 46.409 homicídios em 2022, uma redução de 3,6% em relação ao ano anterior e uma queda de 24,9% comparado a uma década atrás. Esses dados foram obtidos a partir do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) e do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), ambos do Ministério da Saúde.
A violência no Pará apresenta características distintas entre a Região Metropolitana de Belém (RMB) e o interior do estado. Na RMB, que inclui municípios como Belém, Marituba e Castanhal, a violência é majoritariamente resultante de conflitos entre facções criminosas de base prisional, milícias e forças policiais. Em Belém, a taxa de homicídios é de 26,5 por 100 mil habitantes, enquanto Marituba registra 53,7 e Castanhal 45,8.
O interior do estado enfrenta uma situação diferente, com a violência predominando nas disputas por terras, envolvendo trabalhadores rurais, povos tradicionais e grileiros. Regiões como Altamira, conhecida pela atuação do Comando Classe A (CCA), registram taxas alarmantes de homicídios, 71,3 por 100 mil habitantes. Outros municípios com altas taxas de homicídios incluem Itaituba (51,9), Cumaru do Norte (99,7) e Ourilândia do Norte (83,2).
O Pará é marcado por conflitos fundiários intensos e uma alta impunidade para crimes relacionados a essas disputas. Entre 2019 e 2022, surgiram diversas denúncias de conivência do governo federal com práticas de grilagem, exploração madeireira ilegal e garimpo ilegal. Esses fatores contribuem para a violência em áreas protegidas, como a Terra Indígena Kayapó, e em municípios com intensa atividade garimpeira.
Municípios como Goianésia do Pará (98,6), Curionópolis (90,2) e Marabá (53,3) apresentam algumas das maiores taxas de homicídios, refletindo a gravidade dos conflitos pela exploração de recursos naturais e a violência associada a esses contextos.
Para enfrentar a violência, o governo do estado tem investido em programas como o Territórios pela Paz (TerPaz), focado em ações preventivas e na definição de áreas prioritárias de intervenção. No entanto, os desafios permanecem complexos e multifacetados, exigindo uma abordagem integrada que considere as particularidades regionais e a necessidade de políticas públicas eficazes e de longo prazo.