Na última segunda-feira, 22, a Justiça absolveu um pai que matou o abusador de suas três filhas em Belém. O crime ocorreu em 11 de junho de 2020, no bairro Tenoné, quando o pai desferiu diversos golpes de terçado no homem, resultando em sua morte no local.
Durante o julgamento, o defensor público Alex Mota Noronha propôs aos jurados a absolvição do réu por clemência, considerando “todo o sofrimento que a vítima, um abusador de crianças, provocou nessa família”. O Tribunal de Justiça do Pará (TJPA) informou que o homem, que era companheiro da avó das meninas, já havia sido condenado por estupro dois meses antes de ser morto.
De acordo com o tribunal, duas das filhas do réu, de oito e 12 anos, já haviam sido vítimas de abuso por parte desse homem. O homicídio ocorreu depois que o pai descobriu que o abusador também havia violentado sexualmente sua filha mais nova, de apenas seis anos. Após ouvir testemunhas e o próprio pai, o 4º Tribunal do Júri de Belém, presidido pelo juiz Cláudio Hernandes Silva Lima, decidiu absolver o réu.
O perfil do réu apresentado durante o julgamento revelou que ele é uma pessoa trabalhadora e nunca havia se envolvido em crimes. Já o abusador, segundo depoimentos, era uma pessoa tranquila quando não estava sob efeito de álcool, mas já havia sido preso por agredir brutalmente sua companheira.
No momento em que foi questionado pelo juiz sobre a acusação de ter desferido vários golpes de facão contra a vítima, o réu fez apenas uma pergunta: “Que pai não faria o mesmo?”. O promotor Reginaldo César Alvares explicou que o caso se enquadra no tipo penal de homicídio privilegiado, quando o agente age impulsionado por forte emoção ou valor moral, e que a decisão final caberia aos jurados.



