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Paciente de hospital de Marabá teria sido alvo de toque retal por 17 alunos do curso de medicina

O Ministério Público do Estado do Pará está investigando uma denúncia que chegou àquele órgão por meio de uma carta escrita à mão. A carta faz vários relatos sobre o que vem acontecendo dentro do Hospital Municipal de Marabá, a carta foi escrita a mão e a única assinatura é que foi feita por “funcionários do HMM”. As informações são do portal Correio de Carajás.

O relato começa fazendo duras críticas à forma como a Casa de Saúde tem se posicionado em relação aos acadêmicos dos cursos de Medicina, Enfermagem e Técnicos de Enfermagem que frequentam o HMM. “Todos fazem o que bem entendem com os pobres pacientes, que são cobaias em mãos de gente irresponsável”, diz um trecho.

Os pacientes em cuidados especiais estariam servindo de cobaias para aulas de medicina e passando por situações constrangedoras.

O primeiro relato, dos vários que constam no documento enviado ao MP, é de que um paciente, que estava internado em estado grave na Unidade de Cuidados Especiais (UCE), foi submetido ao toque retal por 17 acadêmicos de medicina.

De acordo com as informações, eles estavam acompanhados de um médico conhecido como Marcos Paulo. “Cada acadêmico introduziu o dedo no reto do paciente na frente de todos os presentes. Uma funcionária do setor questionou com ele como poderia fazer uma coisa desta, e ele disse que estava dando aula pra seus alunos”, relata, afirmando que o local estava lotado devido a quantidade de estudantes.

Nesse momento, outro paciente em estado grave, deitado ao lado, começou a passar mal e teve uma parada cardiorrespiratória. “Não teve como reanimá-lo, pois não tinha como se movimentar pela grande quantidade de alunos na UCE”.

Segundo a denúncia, o referido médico – que é professor – costuma levar os alunos para o hospital no horário do seu plantão.

Outra cena lamentável é descrita pelos funcionários que assinam o documento, dando conta que acadêmicos de enfermagem de uma faculdade particular tentaram passar uma sonda em um paciente. “Tinha 30 alunos em volta da maca do paciente grave e eles não conseguiam passar a sonda. Começou a sangrar, o paciente gritava com muita dor, a enfermeira que estava acompanhando a turma também não conseguiu, e todos os pacientes e acompanhantes que estavam no Pronto Socorro presenciaram a cena de horror, pois não usaram se quer um biombo”, detalha.

Os denunciantes afirmam que o problema se estende para vários setores, exemplificando a clínica médica. De acordo com eles, o setor conta com muitos pacientes idosos e graves e a assistência deixa a desejar. “Pegaram os piores enfermeiros, que davam problemas em outros setores e colocaram na clínica médica. Esses profissionais não estão nem aí para os pacientes. A noite ainda é muito pior. Depois da meia noite não se consegue encontrar nem enfermeiro, nem técnico acordado. E quando um acompanhante chama, eles ainda levantam estressados, reclamando que precisam dormir”, detalhando que existe um revezamento para o descanso. Contudo, não está sendo feito da forma correta.

Ainda falando do repouso, o documento traz detalhes de que um dos pacientes internado no HMM estava infartando e precisava fazer um eletrocardiograma. “A enfermeira viu e foi pra o repouso. A que estava voltando do repouso também não fez nada alegando que não foi no horário dela, e as duas travaram uma briga de palavras e o paciente ficou sem atendimento”.

Com cinco páginas, a denúncia segue relatando sobre a quantidade de técnicos de enfermagem que o hospital possui, e que mesmo assim os pacientes continuam sem assistência.

De acordo com as informações, são muitos plantões, mas durante os finais de semana e feriados ficam lacunas nas escalas. “As pessoas pedem plantões e depois se dizem cansadas. Procuram deitar, atendem mal os pacientes e não rendem”.

O documento finaliza com uma das mais graves denúncias, que funcionários chegam ao hospital para cumprir sua jornada de trabalho embriagados. “Este final de semana aconteceu. A funcionária bêbada, a enfermeira mandou para o repouso, e ela dormiu a noite inteira. Pela manhã acordou, bateu o ponto e foi embora”.

Assinado por “funcionários do HMM”, o documento pede providências ao MP, afirmando que a situação no hospital está totalmente sem ordem.

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