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“Olho gordo” de paraenses faz preço de hospedagens disparar no Círio de Nazaré

Efeito antecipado da COP30 eleva preços a patamares milionários e ameaça transformar a maior festa religiosa do Brasil em evento de luxo

O Círio de Nazaré, principal manifestação religiosa do Brasil, corre o risco de deixar de ser uma celebração popular em 2025. A proximidade da COP30 — conferência do clima da ONU que será realizada em novembro, em Belém — já está impactando diretamente os preços de hospedagem na cidade, inclusive no período do Círio, que acontece em outubro.

Simulações em plataformas de aluguel por temporada mostram diárias com valores milionários. Em um dos anúncios, o valor pedido por 14 diárias chega a R$ 1,7 milhão entre 1º e 15 de outubro. Esse é o mesmo período em que acontecem as principais romarias e eventos religiosos do Círio.

O fenômeno é reflexo direto da especulação provocada pela COP30. Com a expectativa de alta demanda por hospedagens, muitos proprietários já estão inflacionando os preços e restringindo a oferta de imóveis — à espera de propostas ainda mais lucrativas.

Círio corre risco de se tornar evento excludente

O Círio, tradicionalmente, é um evento acessível, com grande participação de devotos vindos do interior do Pará, de estados vizinhos e de outros países. Muitos se hospedam em casas de parentes ou alugam acomodações simples. Mas com a disparada dos preços, cresce o receio de que a festa se torne inacessível para grande parte da população.

“Isso nunca foi sobre dinheiro. Agora querem transformar o Círio em vitrine para os ricos, e o povo vai ficando de fora”, desabafa Rosilda Mendes, romeira de Marabá que participa da festividade desde 1997.

Obras da COP30 também preocupam fiéis

Além da inflação no setor de turismo, há temor de que as obras preparatórias para a COP30 causem impactos logísticos durante o Círio. Interdições, atrasos em obras de requalificação urbana e canteiros de obras abertos podem dificultar o tráfego, comprometer os trajetos das procissões e afetar diretamente a experiência dos devotos.

Especialistas alertam que, sem um planejamento integrado entre os calendários da COP e do Círio, a cidade pode enfrentar um colapso estrutural no segundo semestre de 2025 — prejudicando tanto o evento religioso quanto os preparativos do fórum internacional.

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