Movimento ‘Raio que o Parta’: Resgate do modernismo paraense ganha força em iniciativa colaborativa
![](https://parawebnews.com/wp-content/uploads/2023/11/raio-que-o-parta-1-960x540-1.jpg)
Em meio às ruas de Belém, no Pará, uma expressão única do modernismo brasileiro se revela nas fachadas de casas decoradas com cacos de azulejos coloridos, formando raios, setas e bumerangues. Este é o legado do movimento “Raio que o parta”, uma apropriação popular do modernismo, que agora está sendo meticulosamente mapeado e resgatado por um trio de arquitetas e urbanistas: Elis Almeida, Elisa Malcher e Gabrielle Arnour.
O movimento, que floresceu entre as décadas de 1940 e 1960, foi uma resposta das classes populares à onda modernista que varreu o país. Contudo, o desconhecimento sobre essa expressão levou à desvalorização e ao não reconhecimento como um patrimônio a ser preservado em Belém.
![](https://media.gazetadopovo.com.br/2023/08/14101758/raio-que-o-parta-7.jpg)
A Rede Raio que o Parta, iniciativa liderada pelas arquitetas, busca não apenas mapear essas expressões arquitetônicas únicas, mas também conscientizar sobre sua importância histórica e cultural. As casas adornadas com murais de azulejo são testemunhas de uma adaptação do modernismo paraense, onde a platibanda e os murais se tornaram parte integrante da arquitetura local.
![](https://media.gazetadopovo.com.br/2023/08/14102552/raio-que-o-parta-3.jpg)
A rede, que começou suas atividades em 2020, expandiu-se para a esfera digital com um perfil no Instagram, proporcionando uma plataforma para a difusão de informações e histórias relacionadas ao movimento. Por meio de fotos das casas mapeadas, a rede conecta moradores, artistas e admiradores, promovendo uma apreciação mais ampla da estética “Raio que o parta”.
Além de mapear as construções e suas histórias familiares, as arquitetas participam de eventos culturais, como o Circular, expondo as fotos e compartilhando a riqueza desse patrimônio. A visibilidade obtida nas redes sociais também atrai a contribuição da comunidade, fortalecendo a rede colaborativa.
Elis, Elisa e Gabrielle buscam não apenas preservar o legado arquitetônico do “Raio que o Parta” em Belém, mas também expandir seu reconhecimento para além da arquitetura. A estética única desse movimento pode transcender as fachadas das casas e ser incorporada em diversas expressões artísticas, promovendo uma conexão mais profunda com a identidade cultural da cidade.
Além disso, a rede almeja sensibilizar a classe política sobre a importância de políticas públicas de preservação não apenas para o “Raio que o Parta”, mas para o patrimônio material de Belém como um todo. O resgate desse movimento não é apenas uma celebração do passado, mas uma contribuição ativa para a construção de um futuro culturalmente enriquecido.