
A menos de dez meses para a realização da COP30, em Belém, o mercado imobiliário da capital paraense vive um momento de caos. Proprietários de imóveis têm adotado práticas atípicas, como contratos temporários e despejo de inquilinos, além de anunciarem valores irreais para aluguel durante o evento, que deve atrair mais de 40 mil visitantes de cerca de 190 países.
A ausência de uma regulação eficaz por parte dos governos federal e estadual tem contribuído para que o mercado opere de forma descontrolada. O déficit atual de leitos em Belém é significativo, com apenas 18 mil vagas disponíveis para hospedagem, enquanto a demanda projetada para o evento é de 40 mil.
Preços fora da realidade
Imóveis têm sido anunciados por valores exorbitantes. Um apartamento com cinco camas, por exemplo, foi anunciado por R$ 2,3 milhões para o período do evento, enquanto outro, também com cinco camas, custa R$ 2 milhões por duas semanas. Hotéis na região metropolitana chegam a cobrar até US$ 2.000 por diária, o que representa um custo de R$ 149 mil para os 12 dias da conferência.
Segundo Luísa Carneiro, presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci) no Pará, os valores são abusivos e prejudicam o mercado. “Tem proprietário que cancelou a venda de imóveis, apostando em lucros exorbitantes durante a COP30”, afirmou.
Impacto nos contratos e na demanda
Corretores relatam contratos atípicos, como alugueis por sete ou oito meses, com o imóvel sendo liberado durante o evento. Grandes empresas e ONGs estão à procura de dezenas de imóveis para atender suas equipes, enquanto multinacionais exigem avaliações de segurança antes da locação.
Medidas improvisadas e expectativas de estabilização
Para tentar mitigar o problema, os governos federal e estadual anunciaram medidas improvisadas, como a ancoragem de navios de cruzeiro em Outeiro, em Belém, e a adaptação de escolas para oferecer vagas. O governo do Pará afirmou que haverá um “aumento significativo” de leitos nos próximos meses, o que deverá “acomodar os preços”.
Enquanto isso, o Creci do Pará tenta se reunir com o governo estadual para discutir soluções e criar uma centralização das ofertas de imóveis. A previsão é que uma reunião ocorra em fevereiro de 2025.