A Amazônia ganhou papel central nas discussões sobre meio ambiente e mudanças climáticas. A região virou pauta política sobre o tema, que ganhou ressonância mundial nos últimos 4 anos do governo Jair Bolsonaro. No entanto, as discussões tendem a ir para uma visão completamente romantizada sobre a região e ignoraram que aqui vivem cerca de 30 milhões de brasileiros que também desejam ter qualidade de vida e oportunidades.
No discurso de Lula, a região ganhou espaço central com um viés de proteção ambiental, de respeito aos povos tradicionais (indígenas, ribeirinhos e quilombolas), tudo bem, mas parece que isso não irá convergir com desenvolvimento econômico.
Se Bolsonaro olhou o desenvolvimento econômico e ignorou o sustentável, Lula indica que colocará o sustentável a frente e ignorará o econômico. A prévia já foi dada com notícia que o PT quer impedir o início da exploração de petróleo na margem equatorial, prejudicando o Amapá, estado que tem 90% de seu território dentro de unidades de conservação.
A imprensa internacional colocou a vitória do Lula como a vitória do futuro do planeta por causa da floresta Amazônica. Os Europeus foram os mais críticos à política ambiental do governo Bolsonaro, chegando a cortar verbas do fundo Amazônia, bem como até defender sanções econômicas ao Brasil. Com a vitória do Lula, alguns países europeus anunciaram que vão retomar repasse para o Brasil proteger suas florestas ao mesmo tempo que, eles (europeus), voltam a queimar carvão e a derrubar florestas primárias residuais para explorar carvão.
Ao que parece, a Europa quer usar a Amazônia como ponto de compensação para suas emissões de gases, sem que isso gere, necessariamente, desenvolvimento para quem mora na região Amazônica. E o Brasil parece que aceitará isso de todo agrado – mesmo que essa escolha engesse a vida de 30 milhões de amazônidas – para que o europeu possa continuar a crescer economicamente e gozar de qualidade de vida invejável. O própria Lula falou em uma coalisão internacional para governança da Amazônia, abdicando de parte da soberania brasileira sobre a região.
Ademais, combater o desmatamento ilegal e proteger reservas ambientais e indígenas, é um dever do estado brasileiro. No entanto, a Amazônia concentra algumas das piores condições de vida do Brasil, com indicadores sociais pífios, bem abaixo da média nacional, alto desemprego, elevada informalidade, dificuldade de acesso à saúde, precariedade no saneamento básico, criminalidade, drogas. Colocar a região ao menos no nível do Centro-Sul, também é dever do governo brasileiro.
