O presidente Jair Bolsonaro é, uma vez mais, denunciado no Conselho de Direitos Humanos. Desta vez, o ato se refere a seus ataques contra mulheres jornalistas. No total, entidades vão relatar em Genebra 54 casos de ofensivas do governo contra as profissionais.
A denúncia ocorre depois que a violência contra mulheres jornalistas foi apresentada nesta semana na entidade como tema da relatora especial das Nações Unidas sobre a Violência contra a Mulher, suas Causas e Consequência, Dubravka Simonovic. Em um informe detalhado, ela revela como governos têm usado instrumentos para desonrar, desacreditar e humilhar as jornalistas.
Para apresentar o caso brasileiro, a jornalista Bianca Santana tomará a palavra nesta terça-feira, 7. Em maio, ela foi acusada pelo presidente de escrever ‘fake news’, depois que publicou um artigo sobre a relação entre familiares e amigos de Bolsonaro com os acusados de assassinar a vereadora Marielle Franco.
Entidades – Bianca fala em nome de diversas entidades, entre elas Agência de Notícias Alma Preta, Artigo 19, Casa Neon Cunha, Coalizão Negra por Direitos, Cojira-SP – Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial de São Paulo, Federação Nacional dos Jornalistas, Instituto Marielle Franco, Geledés – Instituto da Mulher Negra, Gênero e Número, Instituto de Desenvolvimento e Direitos Humanos, Instituto Vladimir Herzog, Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social e Marcha das Mulheres Negras de São Paulo.
Também apoiam a denúncia a Rede Nacional de Proteção a Comunicadores, Repórteres Sem Fronteiras, Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo, Sempreviva Organização Feminista, Terra de Direitos e Uneafro Brasil.
Segundo a repórter, desde o início do atual governo, as jornalistas foram atacadas pelo presidente ou seus ministros por, pelo menos, 54 vezes, um número sem precedentes na história recente do país. “O Estado brasileiro tem a obrigação de garantir um ambiente seguro para as mulheres jornalistas”, disse Bianca Santana.
“As organizações apontam também a gravidade de um cenário em que agressões são reafirmadas, legitimadas e praticadas por autoridades públicas, inclusive pela cúpula do Governo Federal, violando obrigações assumidas internacionalmente pelo Estado brasileiro”, afirma o grupo em um comunicado.
“Os casos, que articulam declarações públicas, ataques virtuais e consequências concretas na vida e na saúde de mulheres comunicadoras, criam um ambiente ainda mais hostil para o exercício da atividade profissional das jornalistas, para a liberdade de imprensa e para a participação de mulheres no espaço público”, alertam as ONGs.
Fonte: UOL