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Hospital Ophir Loyola realiza primeiro casamento dentro da UTI e emociona equipe e família

União de Ezequiel Tavares e Heloisa Helena, juntos há 45 anos, mobilizou profissionais para transformar a Unidade de Terapia Intensiva em cenário de uma cerimônia marcada por fé, afeto e humanização.

O Hospital Ophir Loyola, referência em atendimento oncológico no Pará, registrou um momento inédito e carregado de emoção nesta quinta-feira (27). Pela primeira vez, uma cerimônia de casamento foi realizada dentro da Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Os protagonistas foram Ezequiel Tavares da Silva e Heloisa Helena de Nazaré Gonçalves, casal que compartilha uma vida juntos há 45 anos e que sonhava com a celebração religiosa marcada originalmente para o mesmo dia.

Três dias antes da cerimônia, Ezequiel apresentou um quadro infeccioso e precisou ser internado no Centro de Terapia Intensiva. Portador de neoplasia de próstata com metástase óssea, o paciente realiza acompanhamento oncológico contínuo e não apresentava condições clínicas para ser transferido a outro espaço do hospital. A instabilidade fez com que o casal acreditasse que, mais uma vez, o sonho precisaria ser adiado.

No entanto, a equipe multiprofissional decidiu agir. Médicos, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais e colaboradores se mobilizaram para transformar o ambiente da UTI em um espaço acolhedor, permitindo que o casal vivesse a cerimônia tão aguardada. A iniciativa foi descrita como um gesto de respeito à história dos dois e um exemplo de cuidado humanizado em situações de extrema fragilidade.

A Diretoria do hospital destacou a importância da ação. Segundo a instituição, atender às dimensões emocionais e simbólicas dos pacientes é parte fundamental da assistência. “Proporcionar esse momento significa reconhecer a trajetória do casal e entender que o cuidado vai além da intervenção clínica. É acolher o que também é essencial para a alma e para a família”, afirmou a administração.

A superintendente Técnica e Assistencial do HOL, Cássia Watrin, reforçou o compromisso com a humanização. “Esse casamento representa mais do que um ato religioso. Representa dignidade, respeito e amor. A equipe não mediu esforços para realizar esse sonho, mesmo dentro de um ambiente de alta complexidade. É assim que reafirmamos a essência do cuidado humanizado”, destacou.

“Foi Deus que fez tudo”, diz Heloísa

Profundamente emocionada, Heloísa descreveu o casamento como a realização de um sonho guardado por décadas. Depois de 46 anos juntos, quatro filhos, nove netos e dois bisnetos, ela sentiu que “era tempo de casar”. O casal havia planejado realizar a cerimônia religiosa em casa, mas os contratempos de saúde mudaram o rumo da história.

“A gente já vive junto há tanto tempo, mas Deus tocou no meu coração que eu precisava casar com ele. Estava tudo marcado, mas acabou sendo aqui, de um jeito tão lindo que só Deus explica”, relatou.

Ao chegar à UTI, Heloísa conta que se emocionou ao ver o local preparado: “Quando entrei com meu filho e vi tudo arrumado… senti a presença de Deus. Foi maravilhoso. Realizei um sonho que eu nem sabia que ainda estava vivo dentro de mim.”

A celebração contou com buquê, maquiagem, decoração improvisada e troca de votos. “Só tenho a agradecer. Deus abençoe cada pessoa aqui dentro. Trabalhar num lugar assim é só para quem é usado por Deus”, completou.

Equipe mobilizada

A enfermeira Girlene Quingosta lembra que a ideia começou de forma simples, quando a família pediu uma cadeira de rodas para tentar levar Ezequiel até a capela do hospital. Por orientação médica, a saída da UTI não era possível. A partir disso, a mobilização cresceu rapidamente.

“Foi a primeira vez que organizamos um casamento aqui dentro. A enfermagem tem esse olhar acolhedor, essa vontade de proporcionar algo bom mesmo em momentos difíceis. Reunimos materiais, conversamos com a coordenação de eventos e conseguimos montar um ambiente bonito e digno”, contou.

Para ela, participar do momento foi marcante. “Trabalhar na UTI é lidar todos os dias com dor e incerteza. Quando conseguimos trazer alegria para uma família, isso tem um valor que não se mede. Foi especial para todos nós.”

A cerimônia de Ezequiel e Heloísa entra para a história do Ophir Loyola como o primeiro casamento celebrado dentro da UTI, simbolizando que o cuidado em saúde também passa pela sensibilidade, pela fé e pela atenção às emoções que sustentam o paciente e sua família.

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