O Hospital Universitário João de Barros Barreto (HUJBB), localizado no Complexo Hospitalar da UFPA/Ebserh, realizou, em março deste ano, uma cirurgia inédita na região norte do país para tratar o câncer de fígado. A técnica utilizada foi a ablação por micro-ondas, um procedimento de cirurgia minimamente invasiva que destrói tumores cancerígenos, inclusive os em estágio avançado de metástase. Essa técnica vem sendo usada com sucesso em hospitais privados no país desde 2019 e foi aplicada pela primeira vez em um hospital público, filiado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares, estatal federal que administra 41 hospitais universitários no país.
De acordo com o médico Rafael José Romero Garcia, cirurgião do aparelho digestivo e transplante de fígado do HUJBB, a técnica pode ser utilizada tanto em pacientes com tumores primários quanto em pacientes com metástase avançada, e tem a vantagem de preservar bastante o fígado do paciente, reduzindo os riscos. Ele afirma que essa técnica é capaz de tratar qualquer tipo de metástase no fígado e em outros órgãos, como o rim e o pulmão.
O paciente que foi submetido ao procedimento teve alta hospitalar no segundo dia. Se fosse submetido a outro processo, ele ficaria muito mais tempo na UTI e mais dias internado, totalizando algo em torno de uma semana de permanência na unidade de saúde. Segundo o especialista, entre os grandes diferenciais do método por ablação por micro-ondas, comparado ao procedimento por radiofrequência, é que no micro-ondas, consegue-se fazer a retirada de tumores maiores, de até 4,5 a 5 cm com segurança. Na radiofrequência, consegue-se remover estruturas de até 3 cm.
Para a realização da cirurgia por ablação por micro-ondas, é introduzida uma agulha no interior da lesão. Após a introdução, é acionado um gerador, que leva a emissão de micro-ondas na ponta da agulha. Isso provoca a movimentação de moléculas de água, elevando a temperatura e destruindo a lesão em poucos minutos.
Ainda de acordo com o médico Rafael José Romero Garcia, para a realização dessa cirurgia, o HUJBB/Ebserh recebeu uma doação do material pela indústria, uma vez que esse procedimento ainda não está regulamentado pelo Sistema Único de Saúde (SUS), apesar de ser autorizado pela Agência Nacional de Saúde (ANS) para o setor privado.