As reclamações de Gretchen contra seus vizinhos no bairro do Jurunas, em Belém, são legítimas. E muito mais que isso, elas mostram que Belém não é avacalhada à toa.
Não adiante reclamar apenas do poder público quando todos nós também temos responsabilidade e podemos contribuir com uma cidade melhor.
O belenense esquece da cidadania a partir do momento que sai de sua casa. Ele trata a cidade e seus espaços públicos como se fosse a casa da mãe Joana.
Muitas das denúncias que nós mostramos por aqui, inclusive, tem grande contribuição da própria população. É hora de nós mesmo fazermos “mea culpa”.
E eles estão por toda parte: são os canteiros de avenidas feitos de lixão, residências e estabelecimentos que ocupam calçadas como se fossem suas, lava-jatos clandestinos em logradouros públicos, moradores que pagam carroceiros para jogarem móveis velhos em qualquer esquina, pessoas que colocam o som “dá-lhe sal” no último volume, não se importando com idosos, crianças ou trabalhadores que terão que acordar cedo no outro dia, as filas duplas no trânsito, etc.
Ou você acharia normal sua garagem ficar tampada por causa de um vizinho que acho que poderia ocupar a calçada da frente? Ou ter seu sono interrompido por causa da música do som automotivo no último volume?
É claro que as denúncias de Gretchen, por ela ter visibilidade, acabam ganhando maiores proporções. Mas isso não deslegitima suas denúncias, gostando dela ou não. O paraense que reclama da xenofobia no Sul do país é totalmente incoerente quando aqui no estado usa dessa prática criminosa para desqualificar uma pessoa só porque não nasceu aqui. Isso é crime.
Conviver em sociedade significa buscar seu espaço, mas respeitar, acima de tudo, o espaço dos outros.



