Nos últimos dias, diversas cidades brasileiras, desde Manaus, no Norte, até Porto Alegre, no Sul, têm enfrentado um fenômeno preocupante: a presença de fumaça proveniente de queimadas na Amazônia e no Pantanal. Este fenômeno, que também se espalha para países vizinhos como Bolívia e Paraguai, está alterando a qualidade do ar e a visibilidade em várias regiões.
Imagens de satélite de instituições como a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos EUA (NOAA) e a Agência Espacial Americana (NASA) revelam a formação de um verdadeiro “corredor” de fumaça que se desloca do Norte do Brasil em direção ao Sul, passando por estados como Mato Grosso do Sul, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A concentração de partículas na atmosfera, denominadas aerossóis, bloqueia a luz solar e tem causado fenômenos como o céu acinzentado e o sol com tonalidades alaranjadas e avermelhadas em cidades como Porto Alegre.
A situação é ainda mais crítica em cidades próximas aos focos de queimadas, como Manaus e Porto Velho, que registram uma das piores qualidades do ar do país. Em Manaus, a Fiocruz Amazônia recomendou o uso de máscaras N95 ou PFF2 para a população, visando a proteção contra a exposição à fumaça tóxica. Já em Porto Velho, a poluição levou ao fechamento do aeroporto local devido à baixa visibilidade.
Especialistas, como a meteorologista Estael Sias, explicam que a fumaça está sendo transportada através de um fenômeno conhecido como “rio atmosférico de fumaça”, que se assemelha aos “rios voadores” de umidade que costumam trazer chuvas para o centro-sul do Brasil. No entanto, este ano, a combinação de seca prolongada e ventos tem favorecido a disseminação de fumaça, em vez de umidade, para regiões distantes dos focos de incêndio.
A previsão meteorológica indica que uma frente fria, acompanhada de chuva, deve chegar ao Sul do Brasil nos próximos dias, o que pode aliviar a situação em algumas áreas, enquanto a região Norte, Mato Grosso e a Bolívia devem continuar sob a densa camada de fumaça por mais tempo. A chegada de uma massa de ar polar também deve contribuir para a dispersão das partículas na atmosfera em partes do Centro-Oeste e Sudeste.