Uma foto publicada pelo professor e historiador Michel Pinho no X (antigo Twitter) levantou um debate inusitado sobre o famoso Mercado do Ver-o-Peso, em Belém. A imagem, capturada a partir do Forte do Castelo, apresenta o mercado sob um ângulo que sugere uma leve inclinação em direção à Baía do Guajará. Na legenda, Pinho provocou: “É impressão minha ou o Ver-o-Peso é torto?”
A publicação chamou a atenção de usuários e especialistas, incluindo o pesquisador Heber Guerreiro, que ofereceu uma explicação técnica para o fenômeno.
O solo e as “terras caídas”
De acordo com Guerreiro, a percepção da inclinação está relacionada a uma tese do engenheiro Nagib Charone, que sugere que o solo da área do mercado estaria cedendo lentamente, alguns centímetros por ano. Charone atribui o fenômeno às chamadas “terras caídas”, uma característica de solos moles que sofrem rupturas devido ao excesso de água e ao peso das construções e veículos.
Segundo essa teoria, a combinação do solo encharcado com a pressão constante exercida pela infraestrutura na região pode estar contribuindo para mudanças graduais no nível do terreno. Para mitigar o problema, o engenheiro defende a interdição do tráfego de veículos pesados na área do mercado, que poderiam acelerar o processo de erosão.
Patrimônio em risco
O Mercado do Ver-o-Peso, um dos maiores símbolos de Belém e patrimônio histórico e cultural do Brasil, já enfrenta desafios relacionados à preservação. O alerta sobre possíveis alterações no solo reforça a necessidade de medidas para proteger tanto o mercado quanto seu entorno.



