Fafá de Belém critica invisibilidade amazônica na COP30: “Como falar da Amazônia sem ouvir a Amazônia?”
Artista paraense denuncia ausência de representantes locais nos debates ambientais e propõe soluções populares para hospedagem durante a conferência
A cantora Fafá de Belém voltou a usar sua visibilidade internacional para defender a inclusão de vozes amazônicas nos preparativos da COP30, marcada para novembro, na capital do Pará. Após participar de um evento em Lisboa e encerrar a Semana do Clima da Amazônia com um show em Belém, a artista criticou a condução dos debates ambientais sem a presença de quem vive e conhece a região.
Em entrevista à imprensa portuguesa, Fafá relatou sua frustração ao participar de um evento da ONU em Nova York, em 2023, sem ver nenhum representante da Amazônia nos painéis. “Como falar da Amazônia sem ouvir a Amazônia?”, questionou, chamando de “ignorância” e “arrogância” essa exclusão. A artista também ironizou celebridades internacionais que “usam a floresta como cenário, mas ignoram os amazônidas”, lembrando que grandes turnês raramente passam pela região.
Fafá criticou ainda os altos preços de hospedagem em Belém para a COP30 e defendeu soluções mais acessíveis, como o uso de casas de famílias — prática comum durante o Círio de Nazaré. Ela elogiou os esforços dos governos federal, estadual e municipal para enfrentar os desafios logísticos, mas cobrou um legado concreto. “Precisamos de um plano de urbanismo social, como Medellín fez”, sugeriu.
A cantora também aproveitou para destacar o apagamento histórico da cultura amazônica no cenário nacional, lembrando nomes como Jayme Ovalle, Waldemar Henrique e o Instituto Carlos Gomes. Para ela, a COP deve ser um espaço também de valorização da diversidade cultural da região, para além dos estereótipos.
Fafá finalizou com um alerta sobre a exploração de petróleo na foz do Amazonas, cobrando responsabilidade: “Se vai haver dano, que se evite ao menos que ele recaia sobre quem menos tem”. Apesar do ceticismo com a política, ela afirmou seu compromisso com a Amazônia: “Minha missão é ser um canhão de luz sobre o que precisa ser visto”.



