A cantora Fafá de Belém, ícone da música paraense, mostrou críticas contundentes à organização da COP 30, Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, que será realizada em Belém em 2025. Em declarações ao UOL, a artista apontou para a falta de valorização da cultura amazônica no evento e questionou a escolha de um palco flutuante, inspirado no modelo utilizado no Amazonas, para apresentações culturais.
afá destacou a importância de trazer à tona a cultura e os artistas amazônidas na COP 30. “Quando começou essa coisa da COP, eu pensei: ‘Quem são meus parceiros? São os artistas do Pará’. Lembrar quem foi Waldemar Henrique, Paulo André e Ruy Barata. É falar de Milton Hatoum, Márcio de Souza, dois intelectuais. É falar de Dalcídio Jurandir”, afirmou.
Para a cantora, o evento tem ignorado elementos que representam a riqueza cultural da região. “De repente, nessa coisa de COP, onde a gente tem que se reconhecer, tá tudo vindo de fora pronto”, criticou, sugerindo que a conferência deveria ser uma oportunidade de exaltar as vozes e as tradições locais.
Fafá também mostrou ceticismo quanto ao palco flutuante que será montado em frente à cidade de Belém para o Rock in Rio durante a COP. O modelo, chamado Vitória Régia, foi originalmente utilizado no lago do município de Novo Airão, no Amazonas. Segundo a cantora, a escolha não leva em consideração as características desafiadoras do rio na região da capital paraense.
“Obviamente, ele foi fundeado, em frente a Belém, num braço do rio Amazonas, onde a correnteza é gigantesca, onde o mar não tem cabelo e o vento não tem mulher. Eu fico olhando e acho muito pretensioso, quando nós temos ali [em Belém] uma pujança, nós temos nossas praças, nossos coretos”, afirmou, sugerindo que estruturas locais poderiam ser valorizadas no evento.
Diante do que chamou de “pretensiosidade” da organização, Fafá afirmou que prefere manter distância. “Então eu preferi me recolher”, declarou.