Chegou o momento de reavaliar a presença de carros na areia das praias do Farol Velho e do Atalaia, em Salinas. Há quem justifique como algo cultural e que faz parte da identidade do município. Mas o mundo muda. Há 60 anos atrás, a segregação racial era vista como normal no Sul dos Estados Unidos. Normalizamos por séculos a escravidão, a emancipação das mulheres é um fenômeno recente e com diversos obstáculos ainda por vencer.
Mas avançamos. E Salinas pode mudar.
Com o advento da internet, popularização dos smartphones com câmeras cada vez mais modernas e o surgimentos de diversas redes sociais para compartilhar fotos e vídeos, a Salinas de hoje é mais prejudicial a imagem de um município que quer prosperar tendo o principal indutor o setor de turismo.
Uma foto ou um vídeo correm o mundo em mensagens espontâneas ou numa simples postagem no Twitter. E Salinas está exportando uma imagem caótica, com uma infinidade de carros tomando as areias, som automotivos que rompem os tímpanos e muito lixo, lixo a perder de vista pelas areias do Atalaia e Farol Velho.
Quem é de outro estado ou país e olha essas cenas de Salinas, com certeza vai ficar horrorizado e assustado. Quem vai querer viajar para um local assim?
Nem os mais badalados balneários do litoral brasileiro – bem mais famosos que Salinas – chegam a essas condições caóticas encontradas em Salinas. Como então a cidade quer se tornar competitiva? Vai continuar a viver de um turismo sazonal, com movimentação apenas nas férias de julho e nos feriados.
Em um mundo cada vez mais preocupado com a questão ambiental e que buscar caminhos para ser sustentável, Salinas passa um cenário ao avesso. Poderia usar o apelo onde a Amazônia verde encontra a Amazônia azul, mas parece que seus gestores são cegos e oportunamente conivente com que acontece.
Um local que é frequentado pela nata política paraense, inclusive o governador do Pará, Helder Barbalho, e seu pai, o senador Jader Barbalho, estavam curtindo a praia lá neste último final de semana, já poderia contar com apoio de recursos para estruturar uma orla na Praia do Atalaia e assim proibir a entrada de veículos na areia.
Além disso, a prefeitura da cidade poderia estimular a instalação de empreendimentos comerciais, de modo a tornar aqueles loteamentos ao redor do Farol Velho e Atalaia, atualmente só um punhado de casas, em um local com boa oferta de comércio e serviços como em qualquer cidade. Novas atrações, como aqueles Resorts, ajudam a diminuir a pressão sob as praias e criam novos atrativos turísticos.
Salinas tem que entrar no século XXI.



