Uma espécie rara de planta, a Mitostemma glaziovii Mast (Passifloraceae), foi descoberta pela primeira vez no Pará por pesquisadores durante uma expedição na Estação Ecológica Grão-Pará, localizada na região oeste do estado. O vegetal, pertencente à mesma família do maracujá, foi avistado em uma mata de igapó às margens do rio Jauari, afluente do rio Mapuera.
A descoberta foi resultado de uma pesquisa iniciada em 2021 e publicada na quinta-feira (8) na revista Check List – The Journal of Biodiversity Data. A expedição foi financiada pelo Programa Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa) e contou com a participação de pesquisadoras do Laboratório de Algas e Plantas da Amazônia, vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Biociências da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) – Campus Oriximiná.
As cientistas coletaram amostras férteis da planta e realizaram consultas a bases de dados de herbários físicos e virtuais para identificar corretamente o material. As amostras foram depositadas no Herbário da Ufopa, em Santarém.
Segundo a pesquisadora Dávia Talgatti, a Mitostemma glaziovii é conhecida apenas em alguns biomas, principalmente na Mata Atlântica. Sua descoberta no Pará é importante para o conhecimento e preservação da biodiversidade da região.
As pesquisadoras destacam a importância dos inventários florísticos na Amazônia para o conhecimento da diversidade vegetal, especialmente em áreas com conhecimento botânico ainda insuficiente. Alertam também sobre a urgência em identificar corretamente os espécimes em herbários e bases de dados online, considerando que erros taxonômicos podem prejudicar a catalogação da biodiversidade da região.
O presidente do Ideflor-Bio, Nilson Pinto, ressalta que a descoberta reforça a necessidade de estudos contínuos para preservar e conhecer a riqueza da biodiversidade amazônica. O gerente da Região Administrativa da Calha Norte III, Neto Vasconcelos, destaca a importância do registro inédito para estudos sobre a ecologia do grupo ao qual a planta pertence.
