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Engenheiro químico do Pará utiliza caroço do açaí no tratamento de água e muda a vida de ribeirinhos

Um engenheiro químico paraense está transformando a vida de ribeirinhos por meio de uma inovação no tratamento de água. Márcio de Freitas Velasco, idealizador do projeto Micro Estações de Tratamento de Água (Meta), utiliza o caroço do açaí no processo de limpeza, trazendo soluções tanto para o abastecimento de água quanto para o impacto ambiental causado pelo descarte inadequado desse resíduo.

No Brasil, mais de 30 milhões de pessoas enfrentam desafios no acesso à água potável, de acordo com dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento. Essa realidade afetava também cerca de 10 mil famílias de ribeirinhos, que começaram a ter suas vidas transformadas graças à invenção de Márcio Velasco.

Atuando na Superintendência Regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), em Belém, Velasco acompanha a rotina da população ribeirinha desde 2008, nos territórios do Marajó, Baixo Tocantins e Ilhas de Belém. Durante suas atividades, percebeu a dificuldade que os ribeirinhos enfrentavam para manusear produtos químicos utilizados no tratamento de água de maneira segura.

A partir dessa preocupação, Márcio decidiu estudar uma solução natural e, após 18 meses de pesquisas, desenvolveu um floculante vegetal catiônico feito com taninos extraídos dos caroços de açaí. Essa substância, responsável por aglomerar partículas em suspensão para facilitar sua retirada, é aplicada na fase inicial do tratamento de água superficial, removendo todo o material em suspensão e preparando-a para a filtração e desinfecção.

Além de ser extremamente eficiente, o floculante vegetal catiônico é biodegradável e oferece um fim sustentável para um resíduo sólido que muitas vezes é descartado de maneira imprópria, contribuindo para o impacto ambiental. A inovação de Velasco tem potencial para não apenas suprir a demanda por água tratada nas regiões ribeirinhas, mas também impulsionar a bioeconomia local, aproveitando a enorme potencialidade do açaí, uma das frutas mais consumidas pelos paraenses.

O projeto Meta, que envolve as Micro Estações de Tratamento de Água, faz parte das ações governamentais do Incra, na modalidade de Implantação de Infraestrutura Básica em Projetos de Assentamento. Desde 2009, mais de 10 mil famílias ribeirinhas em municípios como Breves, Cametá, Curralinho, São Sebastião da Boa Vista, Mocajuba, Melgaço, Gurupá, Barcarena e Bujaru já foram beneficiadas.

Atualmente, o floculante vegetal catiônico à base de caroços de açaí está em fase de testes nas Metas instaladas no Marajó e Baixo Tocantins. Márcio Velasco busca parcerias público-privadas por meio do Incra para desenvolver o produto em escala comercial, visando garantir o acesso a uma tecnologia eficiente e de baixo custo de produção. O objetivo é expandir o projeto e proporcionar benefícios tanto para as comunidades ribeirinhas quanto para o meio ambiente.

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