O renomado sociólogo e jornalista Lúcio Flávio Pinto, uma das vozes mais independentes e históricas do jornalismo brasileiro, anunciou em seu blog a sua despedida do “jornalismo cotidiano”. A medida drástica tem como objetivo reduzir os danos causados pelo Mal de Parkinson, doença com a qual convive, além de evitar os efeitos do stress e ansiedade.
Lúcio Flávio Pinto é formado em sociologia pela Escola de Sociologia e Política de São Paulo, tendo sido professor visitante em instituições renomadas, como a Universidade da Flórida em Gainesville e a Universidade Federal do Pará. Com uma carreira jornalística que iniciou em 1966, percorreu redações de importantes publicações do país, sendo repórter do jornal O Estado de S. Paulo por 18 anos. Em 1988, decidiu deixar a grande imprensa para dedicar-se integralmente ao Jornal Pessoal, o qual escreve sozinho desde 1987, em Belém.
Ao longo de sua carreira, Lúcio Flávio Pinto publicou 21 livros individuais, todos voltados para a região amazônica, sendo coautor de diversas outras obras coletivas. Sua contribuição para o jornalismo e sua defesa da verdade e justiça social renderam-lhe reconhecimentos internacionais, como o Prêmio Wladimir Herzog (2012) e a distinção da ONG Repórteres Sem Fronteiras, em Paris, como um dos jornalistas mais importantes do mundo.
Em sua despedida, o jornalista revelou que o jornalismo tem sido uma das principais fontes de angústia em sua vida, considerando sua prática intensa e apaixonada ao longo de mais de cinco décadas. De acordo com seu médico, a combinação de stress, ansiedade e angústia, características inerentes à profissão, representam um veneno para alguém com Parkinson.
Embora encerre o jornalismo cotidiano, Lúcio Flávio Pinto não pretende abandonar completamente a prática jornalística. Ele planeja se dedicar a conteúdos mais especiais e colaborar com outros veículos. Em seu comunicado, o jornalista mencionou que continuará alimentando outros blogs e utilizará seu blog atual para publicar matérias que estejam fora do universo digital, recuperando informações valiosas que poderiam se perder. Além disso, existe a possibilidade de manter o Jornal Pessoal em formato mensal.
