DENÚNCIA

Em meio à suspeita de fraude na merenda, pais de alunos da rede estadual recebem comida estragada

Rio de Janeiro – A suspeita de superfaturamento na compra de merenda para escolas da rede estadual de ensino do Rio de Janeiro e de cestas básicas para socorrer famílias de alunos durante a pandemia do coronavírus não garantiu a entrega dos alimentos, nem a qualidade dos produtos. Algumas famílias de estudantes não receberam o auxílio prometido; outras ganharam, dentro da cesta básica, produtos estragados.

Nesta sexta-feira, 26, a Polícia Civil e o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), por meio do do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), deflagraram a Operação Prandium contra a fraude na compra de merenda e outros materiais para as escolas da rede estadual.

Ao todo, 64 mandados de busca e apreensão contra empresários e diretores de escolas foram expedidos pela 1ª Vara Criminal Especializada da Comarca da Capital.

Cestas – No início desta semana, pais de alunos de escolas estaduais reclamaram das cestas básicas recebidas após mais de três meses de quarentena, período sem aulas e, consequentemente, sem merenda nas unidades.

O kit veio com 1kg de fubá, 1kg de arroz, 500g de macarrão, um milho, uma lata de sardinha, um sachê de massa de tomate e 1kg de feijão. O problema se estendeu até mesmo às escolas que não tiveram integrantes da diretoria citados na Operação Prandium. Este foi o caso do colégio estadual Vila Bela, no bairro Banco de Areia, em Mesquita, em que os alunos tiveram direito aos alimentos distribuídos.

Com uma filha cursando o 1° ano do ensino médio, a manicure Flávia Jane Massulino, de 44 anos, foi buscar os alimentos. Ela conta que, entre os produtos recebidos, o feijão estava com bichos.

“Lavei, deixei de molho e tirei os melhores para cozinhar. Saí para fazer unha. Quando cheguei em casa e fui mexer, tinham os bichinhos na panela”, contou Flávia, que mora com três filhos e o marido, que trabalhava como mecânico, mas ficou desempregado logo que começou a quarentena.

“Antes, dava para comprar biscoito, achocolatado, iogurte. Agora meu marido está desempregado e a quantidade de unhas que faço caiu muito. Falo para meus filhos “não comam muito” para dar para o mês todo.

Investigação – Uma das escolas envolvidas na investigação que resultou na Operação Prandium, o colégio estadual Pedro Álvares Cabral, no centro de São João de Meriti, não distribuiu cesta básica para os alunos, como fizeram unidades estaduais neste período de quarentena. É o que afirmam as famílias de estudantes.

Nota da Seeduc – Em nota a Secretaria Estadual de Educação (Seeduc), informou que irá apurar o caso. “Caso seja identificado qualquer problema, a unidade escolar comunicará aos pais sobre como proceder. Vale esclarecer que a Seeduc apenas repassa a verba para as unidades para a aquisição de alimentos”, afirmou a nota.

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