
A Agência Pública obteve novas imagens que mostram a persistência da desnutrição entre crianças indígenas Yanomami, quase um ano após o governo federal declarar emergência de saúde na região. Fotografias tiradas em dezembro, na comunidade de Õnkiola, região de Auaris, revelam um trabalhador da saúde carregando uma criança visivelmente desnutrida.
A situação é agravada pelo fechamento, por três vezes ao longo do ano, do Polo de Saúde em Õnkiola devido à falta de comida, causando descontentamento na comunidade e gerando conflitos com as equipes de saúde, comprometendo ainda mais o atendimento.
Em meio a essa gravidade, as Forças Armadas desmontaram um posto de suprimento de combustíveis em Palimiú, uma das áreas mais visadas pelo garimpo na Terra Yanomami. O posto apoiava as operações do Ibama e da Polícia Federal. Em novembro, o Ministério dos Povos Indígenas solicitou ajuda para a distribuição de 40.115 cestas básicas, enquanto as Forças Armadas alegam ter distribuído 36,6 mil cestas até o momento.
Na reunião de coordenação operacional em dezembro, as Forças Armadas mencionaram a desmobilização na Terra Yanomami devido a conflitos diplomáticos entre Venezuela e Guiana. O coronel Roberto Sousa afirmou que a participação militar seria “pontual” na desintrusão de garimpeiros, destacando o foco nas questões de soberania nacional.
A Pública questionou o Ministério da Defesa sobre o fechamento do posto e as declarações do coronel, mas as respostas foram indiretas. O governo Lula, em reunião nesta terça-feira, discutiu a situação, lamentando as 308 mortes Yanomami até novembro, sendo 52,5% crianças menores de quatro anos.
O governo busca definir medidas para evitar massacres indígenas, enfrentar invasões em terras protegidas e melhorar a situação alimentar na região. O número exato de crianças mortas por desnutrição em 2023 não está claro, enquanto relatórios anteriores indicam um aumento alarmante nas mortes evitáveis entre crianças Yanomami nos últimos anos.