Com a realização da COP30 prevista para novembro, movimentos sociais de Belém já têm promovido discussões sobre mudanças climáticas em áreas periféricas da cidade. Desde 2023, moradores organizam a chamada COP das Baixadas, iniciativa que busca ampliar o debate ambiental nos territórios urbanos menos assistidos da capital paraense. A terceira edição está prevista para junho deste ano.
A COP das Baixadas surgiu com o objetivo de incluir comunidades periféricas nas discussões climáticas, fazendo referência direta à conferência oficial das Nações Unidas. O termo “baixadas” abrange uma diversidade de territórios, incluindo áreas insulares, margens de igarapés e regiões urbanas com moradias de alvenaria e palafitas.
Um dos idealizadores da proposta é Jean Ferreira da Silva, engenheiro cartográfico. A experiência na COP27, realizada no Egito em 2022, influenciou sua percepção sobre a necessidade de espaços alternativos de diálogo. Segundo ele, a baixa representatividade da sociedade civil no evento internacional motivou a criação de uma conferência própria.
A primeira edição ocorreu em fevereiro de 2023, no bairro do Jurunas, com apoio financeiro de R$ 20 mil por meio de um edital. O evento foi realizado no Gueto Hub, espaço cultural localizado na região. O objetivo era promover o letramento climático nas comunidades locais.
A segunda edição, em março de 2024, foi realizada na Ilha de Caratateua e contou com a participação de 16 organizações. O local foi escolhido por representar diferentes realidades urbanas, desde condomínios até áreas com baixa cobertura de políticas públicas. Entre os desdobramentos da conferência está a criação das chamadas Yellow Zones, zonas de articulação entre comunidades indígenas, quilombolas, ribeirinhas, extrativistas e organizações locais.
A próxima edição da COP das Baixadas contará também com o apoio do Observatório das Baixadas, iniciativa que atua com pesquisa e desenvolvimento de tecnologias voltadas às regiões periféricas. O grupo integra redes nacionais de articulação e busca fortalecer a produção de conhecimento dentro das próprias comunidades.
De acordo com um dos organizadores, Andrew Leal, as baixadas são áreas diretamente impactadas por questões ambientais, como alagamentos e falta de saneamento. As conferências têm como foco ampliar a participação popular nos debates climáticos e desenvolver estratégias locais de enfrentamento aos impactos ambientais.
Com informações de Visão do Corre
Conteúdo relacionado:
