COP 30: palafitas da Vila da Barca, em Belém, na capa do jornal O Estado de São Paulo
Com a escolha de Belém para sediar a COP 30, o maior evento global sobre meio ambiente e mudanças climáticas, a imprensa nacional direciona o olhar para questões críticas enfrentadas pela cidade, com a comunidade Vila da Barca, situada no bairro do Telégrafo, ganhando destaque como uma representação marcante dos desafios da capital paraense.
“Favela em Belém escancara gargalo ambiental” é a manchete que estampa as páginas do Estadão. O jornal não apenas coloca em foco a condição da comunidade, mas também ressalta um dado alarmante: 83% da população de Belém não possui acesso a serviços de coleta de esgoto. Na Vila da Barca, uma das maiores concentrações de palafitas na América Latina, cerca de 7 mil indivíduos enfrentam diariamente a falta de moradia adequada, ausência de água encanada e a inexistência de sistemas de tratamento de esgoto.
Embora esteja geograficamente próxima a uma das áreas mais valorizadas da cidade, onde imóveis de alto padrão são comercializados por milhões de reais, a urbanização da Vila da Barca não recebeu a prioridade esperada em vista do evento que se aproxima.
“Enquanto o Pará se torna o epicentro dos debates sobre o futuro climático global, e Belém recentemente sediou a Cúpula da Amazônia, o Estado também se encontra diante da urgência de solucionar seus próprios dilemas ambientais”, declara um trecho da reportagem.
Gerson Bruno, líder comunitário da Vila da Barca, critica a lentidão das medidas adotadas para abordar a situação crítica da comunidade. Ele destaca a ironia de que, no século XXI, uma cidade prestes a ser anfitriã da COP-30 ainda enfrenta problemas fundamentais sem solução.
“São mais de um século de luta. Resistindo à negligência do poder público. Mesmo no auge do século XXI, em uma cidade que será o palco do evento climático mais importante do planeta, ainda encontramos famílias residindo sobre palafitas, sem acesso adequado a água tratada e saneamento, vivendo nessas condições. Isso é vergonhoso para o Estado brasileiro, que ainda permite que famílias vivam sob essas condições”, critica Gerson Bruno.