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Comentário debate Band: O “Bonco sincero” ou o “dissimulado manipulador”?

Por Eduardo Costa[1]

O texto representa a opinião particular de seu escritor e, portanto, é de sua única e exclusiva responsabilidade

É possível fazer uma síntese do debate de ontem na Band. Nenhuma novidade, a linha da campanha de ambos os candidatos está posta e se torna difícil aparecer, neste momento, algum fato que mude drasticamente a trajetória desta eleição. Como esperado o debate transcorreu em cima de temas como: pandemia, corrupção, Petrobrás, ditaduras, liberdade religiosa, equilíbrio de poderes… Mas um fato chamou atenção nas entrelinhas, de um lado um candidato que erra com frequência ao ser demasiadamente sincero, diz o que pensa, porém muitas vezes de forma inadequada. De outro, um candidato dissimulado, que por vezes esconde a sua opinião ou não tem coragem de torna-la pública (transparente), que passa ao largo das questões postas quando lhe convém mudando, como “bom malandro” o rumo da prosa. Alguém, que assim como o seu partido político, foi e é incapaz de assumir os seus erros e fazer uma autocrítica (provavelmente porque entendem que os fins justificam verdadeiramente os meios) e que insiste em teses que não são sustentáveis por um observador mais atento ou conhecedor dos fatos e números. Por vezes, honestamente, fico na dúvida se por desconhecimento ou mesmo má fé, apresenta dados irreais, distorce informações, constrói narrativas inverídicas. Com isso, manipula acintosamente os que lhe escutam. Infelizes aqueles que ainda se deixam encantar por essa forma de fazer política (e não são poucos, inclusive muitos que se dizem e que se acham letrados e “libertos pela educação”, sic.).

O Brasil tem duas opções neste segundo turno: de um lado a manipulação, o maniqueísmo político, a dissimulação, o mau-caratismo travestido de “bom-mocismo”, alguém que fala muitas vezes o que o povo quer escutar, mas que trata o povo apenas como pessoas a serem manipuladas num populismo de quinta categoria; de outro alguém que fala o que pensa, e que na política muitas vezes erra por ser verdadeiro no que informa, é aquele que diz a verdade e que muitas vezes é criticado pela sua postura.

Como pessoa eu aprendi na vida a valorizar aqueles que mesmo sendo ranzinzas e indelicados são verdadeiros e sinceros nas relações. Aqueles que te dizem com honestidade e verdade o que pensam e o que querem. Estas, normalmente, são as pessoas menos voláteis e mais leais e fiéis que conheço. Da mesma forma, passei a repudiar os dissimulados, aqueles que dão tapinhas nas suas costas, que fingem te amar, tentam a todo custo te agradar, mas no fundo estão apenas querendo de alguma forma te manipular, te usar, se aproveitar de você ou do que você tem a oferecer, naquele momento; porém, muitas vezes, na primeira oportunidade são infiéis, desleais e sorrateiros, basta que os ganhos com a traição e a deslealdade sejam, circunstancialmente, mais vantajosos.

Assim vejo o voto nesta eleição. Uma escolha entre o “bronco sincero” e o “dissimulado manipulador”. A minha escolha eu já fiz, prefiro a verdade inconveniente, e algumas vezes repreensível, do que a traição pelo “beijo” de quem finge ser o que não é.

[1] Doutor em Economia pela Unicamp e professor da UFPA. Mídias sociais: @professoreduardooficial

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