Com Ed na prefeitura até o lixão de Marituba parou de feder
O problema do descarte dos resíduos sólidos nos grandes centros urbanos é um problema grave e crônico, que tem levado milhares de pessoas a discutir alternativas viáveis ao meio ambiente, como também à economia dos municípios.
Nem todas as modalidades sustentáveis de descarte podem ser utilizadas, de imediato, sem um planejamento a médio e longo prazo. Isto é um fato. Portanto, na maioria dos casos, não se trata apenas de mera questão de vontade política, uma vez que acaba por envolver inúmeros pontos que devem ser levados em conta pelo gestor.
Dito isto, fica o registro de quanto interesse político subjacente há por trás do discurso do lixo. Quanta oposição irresponsável se reúne apenas para criticar, sem lá muitos critérios, a forma com que são tratados os resíduos em determinado local, sem contudo apresentar soluções viáveis para ele. É a turma do “quanto pior, melhor” já conhecida.
Comparando o “antes” e o “depois”, este vem se mostrando o caso, sem sombra de dúvidas, de Belém e do prefeito Edmilson Rodrigues, do PSOL.
Ora, como não lembrar das críticas que ele fazia, na época da gestão anterior, quando chamava o aterro de “lixão a céu aberto”? Hoje, como prefeito, até o nome mudou. Agora chama de “aterro sanitário”. Tudo muito limpo é bonitinho.
Foram embora a atitude agressiva e a crítica ácida. Agora é só paz e amor com a empresa que administra o local.
Antes fosse só o nome que houvesse mudado. Edmilson , militantes e assessores, movimentaram uma verdadeira cruzada contra a Guamá Tratamento de Resíduos, empresa do grupo Solvi. A deputada Marinor Brito (PSOL) chegou a criar uma Sessão Solene, na ALEPA, só para discutir a situação do fechamento do aterro sanitário de Marituba.
O próprio coordenador do movimento “Fora Lixão”, Hélio Oliveira- que tinha por missão a retirada do aterro do município- era ligado ao PSOL.
Como na época os prefeitos de Belém e Ananindeua eram tucanos, portanto, seus adversários políticos, as propostas defendidas por Edmilson e pelo PSOL eram bastante claras: O aterro não tinha capacidade para continuar operando em Marituba e causava grave desconforto para população local que tinha que conviver com o mau cheiro do chorume e problemas constantes de saúde. O aterro de Marituba, portanto, tinha de ser fechado.
O objetivo velado, entretanto, era intuitivo “sangrar a administração tucana”. Em seu discurso na ALEPA, em 2017, Edmilson, com eloquência e verve, enumerava os supostos problemas que a manutenção do aterro causava à população.
‘Em 2015, as prefeituras de Belém, Ananindeua e Marituba, com a anuência da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade — SEMAS, celebraram um contrato de emergência de 6 meses com a empresa Guamá Tratamento de Resíduos para administração do aterro sanitário. E esse contrato vem sendo prorrogado sem transparência e sem a necessária ação dos órgãos fiscalizadores.
O aterro está situado em local muito próximo ao adensamento populacional, o que não foi considerado pelo Governo de Simão Jatene e nem pelo Ministério Público do Estado do Pará, e está também muito próximo de várias nascentes, incluindo as nascentes dos rios Uriboca e Uriboquinha,que servem de fonte de subsistência a várias famílias, que já estão contaminadas. Pescadores encontraram peixes e animais silvestres mortos e a coloração da água ficou barrenta.
Os moradores também denunciam que a prometida tecnologia da “osmose reversa”, usada para o tratamento de chorume, é uma peça de ficção. As bacias de chorume estão se acumulando no terreno, o que amplia o mau cheiro”.
Estranhamente, como que por encanto, agora, à frente da prefeitura de Belém, parece que as coisas mudaram. Edmilson não relembra mais, com saudosismo, a época do lixão do Aurá, tampouco fala sobre meio ambiente. Agora a mudança do lixão, ou melhor, do aterro do município de Marituba, não é mais prioridade, uma vez que a empresa se comprometeu “a solucionar os problemas”. Vejam só. Tudo tão simples.
Se ninguém mais grita, não queima pneu, não faz manifestação, acredito que, com Ed na prefeitura, até o lixão de Marituba parou de feder. Só pode ser!