Cidades do Pará no limite com o Amazonas relatam colapso
RIO — A tragédia sanitária que se abateu sobre o Amazonas vem sendo replicada em ao menos seis municípios do Pará, fronteiriços com o estado. São cidades pequenas, que enfrentam o recrudescimento da pandemia, e a mesma carência de oxigênio que amplificou a pane no sistema de saúde de Manaus. No município de Faro, a 900 km de Belém, assim como em seis municípios da região, a carência está comprometendo o atendimento dos pacientes. Neste domingo, o secretário de Saúde do Pará, Cassio Luiz Pinto, esteve no município, que está recorrendo a cidades vizinhas para pegar emprestado o oxigênio.
A situação mais grave é no distrito de Maracanã, que se localiza no município. Lá, de acordo com o prefeito Paulo Carvalho (PSD), havia neste domingo 40 pacientes com saturação abaixo de 80, sem leito e revezando o tubo de oxigênio.
— Estamos pedindo emprestado oxigênio de municípios como Terra Santa. Não há verba nem oferta, mas estamos pedindo essa cooperação. A médica está revezando o oxigênio como o Sepap, um aparelho ligado a uma máquina que garante o ar apenas por duas horas. É uma escolha muito, muito difícil — conta o prefeito.
Uma rede de apoio aos municípios foi criada na região, a Todos por Faro. Integrantes relatam com vídeos e descrições as cenas de horror nas pequenas cidades do Pará. Os pacientes graves estão deitados em cadeiras, sentados na Unidade de Saúde do distrito e até mesmo em cadeiras de uso odontológico. Não há logística para a transferência aérea de pacientes, tampouco para a chega do oxigênio por avião.
Integrante do movimento, Iuri Pinto sustenta que 80% do distrito de Maracana esteja infectado. Uma Unidade Básica está lotada de casos. E ampolas para um único paciente estão sendo distribuídas a cinco.
— Estamos correndo contra o tempo. Há casos em que a saturação chega a 72%. Tivemos dois óbitos de quinta para cá. Precisamos de ajuda. Não há oxigênio — diz o secretário de Meio Ambiente do Município, Arthur Brasil.
O Ministério Público Federal, na última sexta-feira, questionou os municípios do Oeste do Pará sobre a situação do estoque de oxigênio. Os ofícios foram enviados às prefeituras da região de Itaituba e à Satarém.
Fonte O Globo