
A morte do Papa Francisco, ocorrida na madrugada desta segunda (21), mobilizou lideranças religiosas e fiéis católicos em todo o mundo, gerando comoção, homenagens e orações. No entanto, um grupo de católicos conservadores do Pará se manteve em silêncio diante da perda. Os membros, que integram uma corrente conhecida como sedevacantismo, não reconheceram o pontífice como legítimo e seguiram normalmente suas atividades, sem participar de tributos ou manifestações públicas de luto.
O sedevacantismo é uma vertente radical do catolicismo tradicionalista que sustenta que o trono de São Pedro está vago (sede vacante) desde o falecimento do Papa Pio XII, em 1958 — ou, para alguns grupos, desde João XXIII. Os sedevacantistas argumentam que os papas subsequentes, inclusive Francisco, são hereges por aceitarem as reformas do Concílio Vaticano II, como a celebração da missa no idioma local, o ecumenismo e a abertura da Igreja ao diálogo com o mundo moderno.
Esse grupo de paraenses, identificado em um canal de WhatsApp e em redes sociais, já vinha se posicionando contra o pontificado de Francisco há anos, com publicações críticas e rejeição explícita às suas decisões. Em Belém, organizavam reuniões de estudo teológico baseadas em textos anteriores ao Concílio Vaticano II e defendiam com veemência o retorno de ritos considerados “puros”, como a missa em latim, o uso de paramentos antigos e a rejeição a práticas pastorais contemporâneas.
Apesar de serem minoria, esses fiéis têm ganhado certa projeção em ambientes digitais, onde disseminam conteúdos contrários à Santa Sé e promovem debates sobre a “crise da Igreja moderna”.
O Vaticano, ao longo dos anos, se pronunciou em várias ocasiões contra o sedevacantismo, reafirmando a sucessão apostólica e a legitimidade dos papas eleitos conforme as normas do conclave. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) também já se manifestou sobre a importância da unidade da Igreja diante de movimentos que tentam invalidar os pilares do magistério eclesial.