Coluna

Carnaval pode, licitação, não

Para aqueles que acompanham a vida política do atual prefeito de Belém e não é nenhum dos seus inúmeros ‘baba ovos’ de plantão – sejam eles financiados ou não pelo erário – sabe que coerência nunca foi lá o seu forte.

A bem da verdade, esta é uma característica que está bem longe de ser uma qualidade sua.

Em 2016, por exemplo, quando sonhava em voltar a ocupar a cadeira do Antônio Lemos, gravou um vídeo que deveria ser visto por todo aluno de marketing nas universidades, para aprenderem o que nunca fazer em uma campanha política.

O vídeo, positivamente bizarro, hoje um verdadeiro clássico, mostra um pouco das “excentricidades” de nosso alcaide.

Naquela época, Edmilson Rodrigues, então deputado federal, com uma remuneração de aproximadamente 34 mil reais, gravou um vídeo em uma “quitinete” empoeirada dizendo, despudoradamente, que sobrevivia apenas do salário de professor e que seu patrimônio se resumia a um automóvel pálio, 2 fuscas e 2 bicicletas.

Embora o original tenha sido retirado do ar, se procurarem pelas redes sociais ainda encontrarão esta pérola de hipocrisia.

Pois bem, mesmo que o subsídio de um deputado fosse um fato conhecido de todos, Edmilson não hesitou em dizer que sobrevivia do salário de professor e confessar um patrimônio muito aquém de sua remuneração.

Um Edmilson é deputado e ganha 34 mil reais e outro é o professor, que mora em uma quitinete.

É que para o nosso prefeito pessolista, a narrativa importa mais que a verdade, e, por conseguinte, a verdade e os fatos parecem não coexistirem de maneira lógica como para nós, meros mortais, e isto acaba por gerar estas inconsistências “quânticas” criando verdadeiras dimensões paralelas.

Querem ver?

Nesta semana, no mesmo momento em que o hospital criado no Hangar está fechando as portas por falta de pacientes de Covid o prefeito Edmilson Rodrigues resolveu protocolar na Alepa um pedido para prorrogar o decreto de calamidade por mais 6 meses.

Claro, com isto ficam afastadas as exigências da famigerada lei de responsabilidade fiscal, entre elas, por óbvio, a necessidade de licitação para todas as contratações com os entes públicos. Um mero detalhe!

Algum incauto poderia afirmar que assim o fez pela preocupação com um novo surto da Covid na cidade, tendo em vista a escassez da vacina, mas esse argumento “não cola”.

Para calar até o mais fanático ativista, Edmilson, ao mesmo tempo, resolve anunciar, em suas redes sociais, que irá liberar o carnaval. Lembramos que o carnaval, envolve ensaios, confecção de carros alegóricos, enredo, coreografias, etc., não se resumindo a um desfile de dois dias em fevereiro.

Pois bem, tá tudo liberado. Vai ter birita, bloquinho de rua, fanfarra, confete e serpentina.

O mesmo Edmilson que quer prorrogar o decreto é o mesmo que libera o carnaval. Parece até saído do livro do Saramago: “O homem duplicado”. Viram alguma incoerência nisto tudo? Tenho certeza que ele não, afinal, para ele, narrativa vale mais que a razão.

Nesta verdadeira ode ao non sense, só nos resta perguntar se o problema de Edmilson seria mesmo as aglomerações, folia, covid, ou seriam as licitações?

O que vocês acham, caras pálidas? Eu já sei a resposta!

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