BRS de Manaus custou R$20 mil por km, enquanto o de Belém custará R$13,6 milhões por km
A prefeitura de Belém anunciou nesta terça-feira, 11, a implantação de um sistema BRS (Bus Rapid System) na Avenida Julio César, uma das principais da cidade. Inicialmente, a informação divulgada e amplamente repercutida era que se tratava de um sistema BRT (Bus Rapid Transit). Contudo, a prefeitura rapidamente lançou uma nota corrigindo o equívoco: o projeto será, na verdade, um BRS.
As obras para a implantação do sistema estão orçadas em R$136 milhões, cobrindo 5 km da avenida, do Aeroporto Internacional de Belém até a Avenida Almirante Barroso. Com faixas em ambos os sentidos da via, as intervenções totalizam 10 km. Isso significa que cada quilômetro do BRS da prefeitura de Belém custará R$13,6 milhões — um valor surpreendentemente alto, equivalente ao custo de implantação de um BRT completo.
Para efeito de comparação, em Manaus, a Superintendência Municipal de Transportes Urbanos (SMTU) informou que o custo de implantação de um BRS é aproximadamente R$20 mil por quilômetro. Já para um BRT, o valor sobe para cerca de R$15 milhões por quilômetro. Esses números revelam uma discrepância alarmante nos custos apresentados pela prefeitura de Belém.
Não é apenas no nome que os sistemas BRS e BRT compartilham semelhanças. Na prática, o BRS pode ser visto como um primeiro passo em direção à implantação de um BRT. Enquanto o BRS consiste na sinalização de pistas que podem ser compartilhadas entre ônibus e veículos de passeio, o BRT exige a construção de estações, corredores exclusivos e não pode dividir espaço com automóveis.
Diante desses fatos, surge a questão: por que a implantação do BRS em Belém está custando tanto quanto a de um BRT em outras cidades? Um BRS, em tese, deveria ser uma solução mais econômica e rápida de implementar, utilizando faixas preferenciais e sem a necessidade de infraestrutura robusta como estações elevadas e corredores segregados.
A população de Belém merece uma explicação detalhada sobre essa discrepância de custos. Se em Manaus o custo para cada quilômetro de BRS é de R$20 mil, como se justifica o investimento de R$13,6 milhões por quilômetro na capital paraense?