BELÉMCOP30NOTÍCIASParáPOLÍTICAREGIONAL

Augusto Nunes, colunista da Revista Oeste, diz que Belém não fica na Amazônia

As declarações recentes de Augusto Nunes, colunista da Revista Oeste, escancararam um misto de ignorância geográfica e preconceito histórico contra a região Norte. Em participação no programa Sem Filtro, o jornalista questionou a escolha de Belém como sede da COP 30 afirmando, com todas as letras, que a capital paraense “não é bem a Amazônia”, por estar “às margens de um rio”.

Belém é Amazônia. Essa frase simples, que qualquer estudante do ensino fundamental sabe, virou motivo de disputa política e demonstração de ignorância nas redes sociais nos últimos dias. Em mais um capítulo do ataque orquestrado contra a realização da COP 30 no Norte do país, o colunista Augusto Nunes, da Revista Oeste, afirmou que Belém “não é bem Amazônia”. Segundo ele, por estar “às margens de um rio”, a capital paraense não representaria a floresta.

A declaração, feita no programa Sem Filtro, é mais do que um erro factual. É uma demonstração de preconceito travestido de opinião. Nunes, um jornalista experiente e membro do conselho editorial de uma revista da direita conservadora, cometeu um deslize geográfico que seria inaceitável até para um vestibulando. Belém está na região Norte, no bioma amazônico, cercada por rios que compõem o delta da foz do Rio Amazonas. O rio Guamá, a Baía do Guajará, o arquipélago do Marajó — tudo isso faz parte da Amazônia. E mais: Belém é a “cidade mãe” da região, a capital do histórico Grão-Pará, de onde partiu boa parte do processo de ocupação e desenvolvimento da Amazônia brasileira.

Não é coincidência que esses ataques venham justamente agora, com a aproximação da COP 30. O incômodo é evidente: um evento global sobre o clima sendo realizado fora dos centros políticos e econômicos do Sudeste. A reação da extrema direita a essa descentralização revela não apenas xenofobia e desinformação, mas também uma visão estreita de país — um Brasil que termina onde a ponte Rio-Niterói encontra a Baía de Guanabara.

Se Nunes tivesse feito o básico — consultado um mapa, lido um livro de geografia ou até mesmo feito uma busca na internet — teria evitado o vexame. Mas preferiu repetir a postura de tantos outros que desdenham do Norte do país como se fosse um território à parte, invisível e irrelevante. É uma postura vergonhosa que só reforça o quanto ainda temos que caminhar para construir um Brasil verdadeiramente plural, onde todas as regiões tenham voz, vez e respeito.

Etiquetas

Artigos relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo
Fechar