Às vésperas de julgamento popular, ciclistas de Belém e outras três cidades fazem homenagem à Marina Harkot

Familiares e amigos da ciclista Marina Harkot, morta em 2020 depois de ser atropelada pelo empresário José Maria da Costa, farão uma homenagem a ela em cinco capitais brasileiras. Costa Júnior não prestou socorro e, em seguida, foi flagrado por câmeras de segurança chegando em casa completamente embriagado. Também destruiu provas e ficou foragido durante o início da investigação.
O protesto acontece dias antes do julgamento para e tem o objetivo de pedir justiça por Marina e de lembrar que mortes causadas por motoristas embriagados não são acidentes, são crimes (veja os locais e horários das manifestações abaixo). Em Belém acontece no sábado 15.06, às 16h, na Praça da República, em frente ao Teatro da Paz.

Indícios documentais e testemunhais reunidos pela Secretaria de Segurança Pública de SP apontam que Costa Júnior estava embriagado e transitava em alta velocidade pela Zona Oeste de São Paulo, quando atropelou Marina e não prestou socorro. Ele responde por homicídio doloso qualificado por dirigir sob efeito de álcool. “Dirigir bêbado, atropelar uma ciclista e não socorrer, não é acidente. É crime. Espero que o júri represente bem toda a sociedade fazendo justiça. Esse julgamento não diz respeito apenas à minha filha, mas às centenas de ciclistas que todos os anos perdem suas vidas, são mutilados ou feridos. Não quero que nenhuma outra mãe experimente essa dor dilacerante que é perder uma filha dessa forma”, diz Maria Claudia Kohler, mãe de Marina. “Minha filha Marina era uma jovem cheia de vida e sonhos, que estudou e se dedicou a lutar por um trânsito mais seguro e justo para todos. Sua morte não pode ser em vão. Espero que o julgamento popular e os protestos ajudem a trazer justiça para Marina e a salvar outras vidas. Precisamos de um trânsito mais humano e seguro para todos.”

Julgamento Popular – O julgamento popular, marcado para o dia 20 de junho, no Fórum da Barra Funda, será um momento crucial para o caso Marina Harkot. O júri popular será formado por até 21 pessoas que não têm formação em Direito e representam a sociedade em geral. Nesse sistema, quem condena o acusado são os jurados, e não o juiz. O mecanismo é utilizado apenas em casos de crimes dolosos (em que houve intenção de matar). “Este tipo de julgamento traz uma maior sensação de justiça e transparência, refletindo o clamor social por uma punição adequada e exemplar”, explica a advogada da família, Dra. Priscila Pamela. Além disso, aponta a advogada, o júri popular pode ajudar a conscientizar a sociedade sobre a gravidade dos crimes de trânsito e a importância de uma cultura de respeito e segurança no trânsito.

Sobre Marina – Apesar da pouca idade, 28 anos, Marina era uma referência em assuntos ligados à mobilidade urbana, tanto nos movimentos da sociedade organizada como na academia. Socióloga pela USP, cursou mestrado na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU/USP), onde defendeu a dissertação “A bicicleta e as mulheres: mobilidade ativa, gênero e desigualdades socioterritoriais em São Paulo”. Tinha dezenas de publicações, nacionais e internacionais.
Marina cursava o doutorado e atuava como pesquisadora do Laboratório Espaço Público e Direito à Cidade (LabCidade), Ciclo Cidade e outros espaços de ativismo e articulações pelo direito à cidade. A sua contribuição acadêmica foi tão relevante que foi homenageada com seu nome em uma sala de Estudos Interdisciplinares na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP. Para Marina, a bicicleta era uma escolha de estilo de vida, uma causa e um meio de transporte possível na cidade.

A vida de Marina foi tragicamente interrompida quando retornava para casa no dia 8 de novembro de 2020, na avenida Paulo VI, no bairro de Pinheiros, São Paulo.

Pontos de concentração dos protestos
São Paulo: Av. Paulo VI, Sumaré, em frente ao muro da Rua Lisboa
15 / 6 – 10 h
Recife: Praça do Derby
16 / 6 – 10h
Belém: Praça da República, em frente ao Teatro da Paz
15 / 6 – 16 h
Porto Alegre: Esquina da Érico Veríssimo/Getúlio Vargas
15 / 6 – 10h