Com 17 milhões de habitantes e composta por sete estados (Pará, Amazonas, Rondônia, Tocantins, Amapá, Roraima e Acre), a região Norte do Brasil tem menos de 1% dos atletas na delegação brasileira que disputa os jogos olímpicos em Tóquio, apesar de representar 8% da população brasileira.
Dos 301 atletas brasileiros, apenas três nasceram na região Norte. Dois são do Pará e um de Roraima: Rogério Moraes, jogador da seleção brasileira de handebol, é de Abaetetuba- PA. Lucas Mazzo, da Marcha Atleta, é de Belém. O outro nortista é Luiz Altamir, da natação, natural de Boa Vista- Roraima.
Além dos três, há ainda a jogadora de futebol Formiga, que nasceu na Bahia, mas tem coração paraense.
“A região não tem tantos recursos para investir no esporte, é bem pobre e precisa de melhorias no sistema de saúde e de saneamento”, lamenta o paraense Rogério, do handebol.
“O esporte acaba ficando de lado, e isso faz com que muitos desistam por falta de estrutura, por não ter apoio. Até se tornar profissional, há gastos com material esportivo, alimentação e suplementos, além de custos para tratar lesões”, continua.
Na marcha atlética outro paraense, Lucas Gomes de Souza Mazzo, 27, de Belém, vai à sua primeira Olimpíada. Assim como Rogério, ele também teve que sair do Pará para prosseguir com o sonho no esporte.
“Vim para São Paulo ainda na infância, porque minha família sabia que lá tinha um pouco mais de oportunidades. Se investissem, teríamos muitos atletas no Pará. A gente tem força para buscar o impossível, limite só existe na cabeça”, revela.
Apesar das adversidades, Rogério resume o orgulho de representar a região Norte:
– Primeiro, estou muito feliz de representar a Região Norte, meu estado do Pará, minha cidade, Abaetetuba; muito honrado, mas ao mesmo tempo muito triste. São apenas três, acredito que é por falta de incentivo e estrutura, muitos atletas desistem e não chegam no profissional. Poderia mudar a vida de outras tantas pessoas. Eu falo por mim, do interior do Pará, região bem complicada, que o esporte deixa de lado. O atleta profissional tem que sair de lá muito cedo, e muitas dessas famílias não têm condições para manter esse sonho. Se tivesse mais estrutura, teríamos mais atletas da região norte.