POLÍTICA

Vídeo de Felca reacende a pauta da esquerda sobre regulamentação das redes e responsabilização das big techs

"Efeito Felca"

Se você esteve conectado nas últimas semanas, provavelmente se deparou com o vídeo do youtuber Felca — nome artístico de Felipe Bressanim — denunciando, de forma direta e contundente, casos de “adultização” e exploração de crianças e adolescentes nas redes sociais.

Com quase 50 minutos, o conteúdo ultrapassou 27 milhões de visualizações e foi o vídeo mais assistido do mundo no dia 7. A repercussão foi imediata: artistas, celebridades e políticos de diferentes espectros se manifestaram. Em um raro momento, parlamentares de esquerda, direita e centro concordaram na necessidade de ação — mas a convergência durou pouco.

Pressão legislativa e caminhos divergentes

Desde a publicação, ao menos 29 projetos de lei foram protocolados na Câmara dos Deputados tratando da exposição de crianças e adolescentes nas redes. Os textos vêm de partidos como União, PT, PSB, Rede, PL, Podemos, PDT, Psol, PRD, PSD, MDB, Republicanos e PP.

Apesar do objetivo comum, as abordagens divergem:

Direita: foca no combate à pedofilia e sexualização de menores, com endurecimento de penas;

Esquerda: retoma a defesa da regulamentação das redes e responsabilização das big techs, ecoando críticas feitas por Felca ao funcionamento dos algoritmos.

Lula prepara projeto para regulamentar redes

Em entrevista à BandNews FM nesta terça-feira (12), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou que o Governo Federal concluirá e enviará ao Congresso um projeto para regulamentar big techs e redes sociais no Brasil. A proposta está sendo elaborada há dois meses e será discutida com ministros nesta quarta (13).

Para Lula, o momento é estratégico para avançar no tema, aproveitando a comoção causada pelo vídeo.

Temor da censura e “jabutis”

Parlamentares da oposição temem que a pauta seja usada para inserir dispositivos sem relação direta com o combate à exploração infantil — os chamados “jabutis” — que possam restringir a liberdade de expressão.

A senadora Damares Alves (Republicanos-DF) criticou o combate à “erotização infantil” como verdadeira pauta de costumes da esquerda e lembrou casos polêmicos, como a performance de um artista nu no Museu de Arte Moderna (MAM) com a participação de uma criança.

Entre a urgência e o risco de medidas precipitadas

Especialistas alertam que legislações feitas às pressas, como reação a ondas de comoção, tendem a gerar mais problemas que soluções. O consenso é que o tema exige debate profundo, envolvendo sociedade civil, especialistas e empresas.

Entre as sugestões discutidas, estão:

  • Criar filtros automáticos para bloquear conteúdos que envolvam exploração infantil, como sugeriu o próprio Felca;
  • Impedir a monetização de publicações que explorem menores de forma incompatível com a idade.

O desafio será encontrar soluções eficazes que protejam crianças e adolescentes sem abrir espaço para abusos políticos ou censura. Essas soluções devem ter como foco central o combate à adultização e à exploração de crianças e adolescentes, sem se transformar em instrumento para atender interesses políticos de quaisquer espectros ideológicos.

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