Belém recebe nova obra em homenagem a Tuíre Kayapó na Casa Ikeuara da Amazônia
Painel "Herança Ancestral" foi pintado ao vivo pela artista Alice Hermosa e integra exposição permanente dedicada à líder indígena
Um novo painel foi incluído na exposição permanente que homenageia a líder indígena Tuíre Kayapó, em Belém. A obra, intitulada Herança Ancestral, foi criada ao vivo pela artista afro-indígena Alice Hermosa, neste domingo (3), e retrata Tuíre ao lado de sua neta — apresentada por ela como futura representante na defesa dos direitos dos povos indígenas e da floresta amazônica.
A ação integra a programação da Casa Ikeuara da Amazônia, centro cultural fundado e gerido por indígenas no Pará, dedicado à preservação da memória e das expressões culturais dos povos originários. A instituição é responsável pela curadoria da mostra que reúne registros históricos, vídeos, fotografias, objetos pessoais e itens simbólicos da trajetória de Tuíre, como o último facão que utilizava e seu cocar cerimonial.
Referência na resistência indígena
Tuíre Kayapó ficou conhecida nacional e internacionalmente em 1989, quando, aos 19 anos, participou de uma audiência pública em Altamira, no Pará, em protesto contra a construção de um complexo hidrelétrico no rio Xingu. Na ocasião, ela encostou o facão no rosto de um engenheiro da Eletronorte, gesto que foi amplamente fotografado e divulgado pela imprensa.
A manifestação liderada por Tuíre resultou na suspensão temporária do projeto, então chamado Kararaô. Anos depois, o empreendimento seria retomado sob o nome Belo Monte, em formato diferente.
A líder indígena faleceu em 2024, aos 57 anos, vítima de câncer. Desde então, sua memória tem sido reativada em diferentes ações culturais, principalmente no contexto dos preparativos para a Conferência do Clima da ONU (COP30), que será realizada em Belém em 2025.
Legado em construção
A Casa Ikeuara mantém a guarda dos principais objetos ligados à trajetória de Tuíre. O centro cultural também acompanha a formação de sua neta, que carrega o mesmo nome e deverá assumir, aos 18 anos, o papel simbólico de continuidade da luta defendida por sua avó.
A mostra está aberta ao público e faz parte das ações de valorização das lideranças indígenas que atuaram na defesa dos territórios e dos modos de vida tradicionais da Amazônia.
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