EUA avaliam retirada de tarifas sobre produtos tropicais, e Pará vê impacto potencial nas exportações
Setor produtivo paraense projeta oportunidades e alerta para limitações logísticas com possível revisão tarifária de itens como cacau e frutas

A sinalização feita pelo secretário do Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, sobre a possibilidade de remoção de tarifas comerciais aplicadas a produtos tropicais reabriu discussões sobre os efeitos para a balança comercial brasileira. Em entrevista à emissora CNBC nesta terça-feira (29), Lutnick citou itens como café, cacau, manga e abacaxi, que não são cultivados em território norte-americano, como possíveis candidatos à exclusão da lista de sobretaxas impostas durante a gestão de Donald Trump.
A medida ainda não foi oficializada, mas já provoca movimentações entre entidades do setor produtivo paraense. No estado, produtos agropecuários representam parcela significativa das exportações. Segundo o diretor da Federação da Agricultura e Pecuária do Pará (Faepa), Guilherme Minssen, a retirada do cacau das tarifas pode gerar impactos diretos.
“O cacau tem ampliado sua participação nas exportações paraenses. A retirada da sobretaxa representaria um impulso para esse segmento”, afirmou. No entanto, Minssen aponta que a infraestrutura logística continua sendo um entrave. “A limitação dos portos prejudica a competitividade”, completou.
Já no setor industrial, a expectativa é tratada com cautela. Em nota, a Federação das Indústrias do Estado do Pará (Fiepa) afirmou que acompanha os desdobramentos do cenário internacional e considera também o risco de aumento de tarifas sobre exportações brasileiras, que podem atingir alíquotas de até 50%.
A entidade destacou que o Pará possui uma base exportadora sólida, especialmente nos segmentos mineral, metalúrgico e agroindustrial. “A manutenção ou ampliação de tarifas compromete contratos e impacta o nível de emprego e competitividade”, declarou a federação, que defende atuação conjunta entre instituições e autoridades para mitigar possíveis impactos.
A Fiepa também reforçou o apoio a ações coordenadas em nível nacional, solicitando uma resposta estratégica do governo federal diante das movimentações comerciais dos Estados Unidos.
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